O exército de Mianmar anunciou, nesta sexta-feira (1º), que a luta contra muçulmanos no noroeste do país deixou quase 400 mortos em uma semana, principalmente combatentes rohingyas. A violência provocou uma nova fuga da minoria muçulmana. No total, 27,4 mil pessoas entraram em Bangladesh desde a sexta-feira (25) passada e 20 mil delas estão retidas na fronteira, de acordo com a ONU.
O exército birmanês anunciou em sua página no Facebook que "os corpos de 370 terroristas foram encontrados" e que 15 soldados e 14 civis morreram nas operações. O último balanço fornecido há alguns dias falava em 110 mortos.
Paralelamente, várias organizações acusaram o exército de ter cometido uma nova matança na localidade de Chut Pyin. A ONG local Fortify Rights obteve o relato de sobreviventes que falam de uma chacina que teria durado cinco horas.
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Chris Lewa, do projeto Arakan – organização de defesa dos direitos dos rohingyas – disse "que forças de segurança acompanhadas por colonos da etnia rakhine atacaram o povoado, queimaram casas e atiraram contra os rohingyas que fugiam".
– Segundo uma lista que pudemos estabelecer, 130 pessoas morreram, entre elas mulheres e crianças – acrescentou.
Área fechada
A região de Chut Pyin está fechada desde outubro e nenhum jornalista pode chegar a ela de forma independente. O governo de Mianmar, procurado pela AFP, não respondeu.
Mais de 400 mil rohingyas se encontram em Bangladesh, um país que não quer mais acolhê-los e que fechou sua fronteira com Mianmar. Os rohingyas, muçulmanos sunitas, falam um dialeto de origem bengali utilizado no sudeste de Bangladesh, de onde são originários.
A enviada especial das Nações Unidas em Mianmar, Yanghee Lee, expressou sua preocupação na última quinta-feira (31), declarando-se "gravemente preocupada" pela situação e exigindo que se "rompa urgentemente" o ciclo de violência.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu igualmente "moderação" às forças de segurança diante do risco de uma "catástrofe humanitária".
Por sua vez, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, chamou a violência de "genocídio" e assegurou que quer levar o caso à Assembleia Geral da ONU este mês.
– Os que fecham os olhos para o genocídio cometido sob o disfarce de democracia são seus colaboradores – declarou em um discurso em Istambul.