O poderoso furacão Irma, de magnitude inédita, avança nesta quinta-feira (7) em direção a República Dominicana, Cuba e Flórida, após deixar pelo menos cinco mortos e um rastro de destruição a caminho do oeste do Caribe.
Com rajadas de vento que superaram os 300 km/h, o furacão de categoria cinco, a mais alta, já deixou pelo menos quatro mortos na ilha franco-holandesa de Saint Martin, anunciou o primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, reduzindo o balanço inicial de oito mortos.
Uma quinta vítima foi registrada em Barbuda, uma ilha vizinha com 1,6 mil habitantes, que, segundo seu primeiro-ministro, Gaston Browne, está "totalmente devastada".
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Com intensidade "nunca antes vista no mundo", segundo o serviço meteorológico francês, o número de mortos ainda pode aumentar. Alguns jornais já mencionam uma sexta vítima na ilha britânica de Anguilla.
Nas redes sociais, fotos e vídeos deixam entrever o alcance dos danos, com barcos transformados em ripas de madeira, árvores sem a copa e telhados arrancados pelos fortes ventos.
Em Anguilla e nas Ilhas Virgens, o Irma também causou "danos catastróficos", indicou o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Boris Johnson.
Parte francesa de ilha destruída
O Irma causou estragos gigantescos na ilha de St. Martin, onde "95% do lado francês ficou destruído", segundo o presidente do conselho territorial da parte francesa, Daniel Gibbs.
No lado holandês, não foram registrados mortos, mas os danos são "enormes", sobretudo no aeroporto e no porto, indicou o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte.
Na ilha de 70 mil habitantes, testemunhas descreveram uma "paisagem apocalíptica".
– É quase como estar em um país em guerra – disse a jornalista local, Maeva Myriam Ponet.
Ela e outros presentes contaram que, em meio ao caos, começaram a haver saques de estabelecimentos comerciais.
Em St. Barts, uma ilha francesa vizinha com 10 mil habitantes, eles tentavam limpar as ruas, em meio a veículos derrubados, postes de luz e telefônicos caídos e hotéis inundados.
Furacão histórico
Irma é o maior furacão de intensidade cinco já registrado no mundo, afirmou nesta quinta-feira (7) o serviço meteorológico francês, superando o supertufão Haiyan, que, em 2013, provocou os mesmos ventos que o Irma nas Filipinas, mas durante 24 horas. Deixou mais de 7 mil mortos.
Ele também é mais forte do que o Harvey, que atingiu recentemente os estados do Texas e de Louisiana, no sul dos Estados Unidos, provocando pelo menos 42 mortes.
Ajuda estrangeira
Tanto em St. Martin quanto em St. Barts, não há luz, nem água potável, não se pode entrar nos prédios públicos, as casas estão destruídas, as árvores, caídas e até os serviços de socorro sofreram danos.
Está previsto que, nesta quinta-feira (7), se inicie uma ponte aérea para levar ajuda às ilhas e evacuar os feridos, anunciou a ministra francesa de Territórios Ultramarinos, Annick Girardin. Ela chegou nesta quinta, com 150 socorristas, à ilha de Guadalupe, que serve como base de operações.
Apesar de não ter tocado a terra em San Juan, capital de Porto Rico, a ilha, que é um Estado associado dos Estados Unidos, penou durante a noite de quarta-feira com fortes chuvas e ventos de até 295 km/h. Um milhão de pessoas ficaram sem energia elétrica.
República Dominicana e Miami em alerta
O Irma agora segue avançando em direção oeste, rumo à República Dominicana e Haiti, uma rota que deveria levá-lo à Flórida, nos Estados Unidos, durante este fim de semana, segundo o boletim de 0h GMT (21h, em Brasília) do Centro Nacional de Furacões de Miami.
Na República Dominicana, o governo deu início a evacuações preventivas.
– Vamos ter chuvas fortes, rajadas de vento e tempestades – anunciou o Escritório Nacional de Meteorologia.
Em Santo Domingo, a população começou a se proteger em suas casas após o caos de terça-feira, quando milhares de pessoas correram aos supermercados para se abastecer.
No domingo, o furacão pode se aproximar da Flórida, onde, com as Ilhas Virgens americanas, foi declarado estado de emergência pelo presidente Donald Trump.
– A maior parte das pessoas ao longo da costa (americana) nunca experimentou um furacão como este. Será realmente devastado – advertiu nesta quinta o diretor da Agência de Gestão de Emergências (Fema, na sigla em inglês), Brock Long.
O presidente Donald Trump tuitou "sejam prudentes, permaneçam em lugares seguros!".
Em Miami, a população formou grandes filas nos postos de gasolina e em supermercados, que ficaram com estantes vazias e escassez de água.
Em Cuba, também foi declarado estado de alerta em várias províncias do leste e do centro, e as autoridades aconselharam moradores a se deslocarem para casas de parentes em zonas seguras, ou irem para os abrigos.
Após o Irma, o Caribe vai enfrentar mais dois furacões: José e Katia. O primeiro é muito menos forte do que o Irma, e o segundo se dirige para o México.