O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, garantiu que seu país vai continuar no Mercosul, apesar da suspensão imposta pelos quatro membros fundadores do bloco neste sábado, em uma reunião de chanceleres em São Paulo.
– Não vão tirar a Venezuela do Mercosul. Nunca. Somos Mercosul de alma, coração e vida. Algumas oligarquias golpistas, como a do Brasil, ou miseráveis, como a que governa a Argentina, poderão tentar mil vezes, mas sempre estaremos aí – disse Maduro à Rádio Rebelde da Argentina.
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A Venezuela foi suspensa do Mercosul por "ruptura da ordem democrática", em decisão unânime dos membros fundadores Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, em meio à forte pressão internacional contra a toda-poderosa Assembleia Constituinte, instalada na sexta-feira.
Em um comunicado lido pelo chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, a Venezuela protestou "energicamente" a decisão.
– Pretendem aplicar ilegalmente na Venezuela o protocolo de Ushuaia sobre o compromisso democrático do Mercosul – disse. – A Venezuela ratifica enfaticamente que é improcedente a aplicação do protocolo de Ushuaia toda vez que se fundamenta em falsas suposições, em presunções ilegítimas.
A presidente da Constituinte, a ex-chanceler Delcy Rodríguez, qualificou de "insolente" a "decisão nula", que, disse, transformava o Mercosul em "um maquinário, um órgão de perseguição política".
Em suas declarações à rádio, Maduro acusou o presidente argentino, Mauricio Macri, de estimular um bloqueio comercial e político contra seu país.
– O Macri não só destrói o povo e agride a classe trabalhadora argentina (...), mas também é a ponta de lança da agressão e agora o porta-bandeira da busca por um bloqueio econômico, financeiro, comercial e político como o que fizeram a Cuba nos anos 60 – disse.
O presidente venezuelano defendeu a Assembleia Constituinte que foi instalada nesta sexta-feira e, já no sábado, destituiu a Procuradora-geral Luisa Ortega, que definiu o governo como uma "ditadura".
A oposição venezuelana reunida em torno da Mesa da Unidade Democrática (MUD) exige eleições gerais em suas manifestações que, em quatro meses, já deixaram 125 mortos e considera a Constituinte uma "fraude" para manter Maduro no poder.
Contudo, Maduro considera que a Constituinte "foi um bálsamo para a vida social e política da Venezuela".