As forças iraquianas afirmaram, nesta terça-feira (20), que travam combates violentos contra o grupo Estado Islâmico (EI) e anunciaram o resgate de civis que fugiram da violência, em uma ofensiva para libertar o setor antigo de Mossul do controle dos jihadistas.
O tenente-general Abdulghani Al-Asadi, um dos comandantes do Serviço Antiterrorista, afirmou que a batalha prossegue de acordo com o esperado, mas que o avanço é lento.
– Enfrentamos muitos obstáculos, o tipo de terreno, o tipo de construção, as estradas e a população civil, tudo isto está freando nosso trabalho – disse.
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Al-Asadi informou que muitos civis estão fugindo da cidade antiga. Na segunda-feira, 400 pessoas se aproximaram das posições das forças iraquianas.
O exército do Iraque iniciou, no domingo (18), a operação para retomar a área antiga, último setor da segunda maior cidade do país que permanece sob controle do EI após meses de ofensiva.
Os jihadistas apresentam uma forte resistência, de acordo com os militares iraquianos, o que provoca temores a respeito dos civis que estariam bloqueados na área, um verdadeiro labirinto de ruas estreitas.
A Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que o EI poderia reter mais de 100 mil civis como escudos humanos. Na segunda-feira (19), o repórter curdo Bakhtiyar Addad morreu e três jornalistas franceses ficaram feridos na explosão de uma mina quando acompanhavam as forças iraquianas em Mossul.
O canal público France Television informou, nesta terça-feira, que um dos jornalistas feridos, Stephen Villeneuve, não resistiu aos ferimentos.
O avanço para o centro histórico de Mossul na margem oeste do Rio Tigre marca o principal momento da campanha iniciada em outubro pelas forças iraquianas para retomar do EI seu último grande reduto urbano no Iraque.
"Rendição ou morte"
A coalizão liderada pelos Estados Unidos no Iraque e na Síria respalda a ofensiva com bombardeios aéreos. A perda de Mossul representaria o fim efetivo do lado iraquiano do "califado" que o EI proclamou em 2014, depois de conquistar faixas de território no Iraque e na Síria.
As forças iraquianas lançaram 500 mil panfletos sobre a cidade com a recomendação aos civis para que permaneçam em casa ou tentem fugir, se isto for possível.
Também estacionaram veículos blindados diante da cidade antiga. Os carros são equipados com alto-falantes que transmitem uma mensagem aos jihadistas:
– Vocês têm apenas esta opção, rendição ou morte.
Os comandantes militares advertiram que a luta pode ser muito difícil e durar semanas. Cercados em três frentes pelas forças iraquianas e bloqueados na quarta pelo Rio Tigres, os jihadistas estariam encurralados.
As tropas iraquianas assumiram o controle da parte leste de Mossul em janeiro e iniciaram o ataque à zona oeste um mês depois.
As organizações humanitárias advertiram que os civis, já traumatizados pela guerra, podem ficar retidos em meio aos combates nas ruas. Não está claro quantos civis morreram até o momento na ofensiva.
As estimativas indicam que 862 mil pessoas foram obrigadas a deixar a cidade desde o início da ofensiva para retomar Mossul. Destas, 195 mil retornaram para casa, principalmente na zona leste.
Foi na emblemática mesquita Al-Nuri da área antiga de Mossul onde, em julho de 2014, o líder do EI, Abu Bakr Al-Bagdadi, fez a única aparição pública. Al-Bagdadi convocou o mundo muçulmano a unir-se ao "califado" no território do EI entre Iraque e Síria.
Desde então, os jihadistas perderam a maior parte da ampla área que chegaram a controlar, consequência das ofensivas com apoio dos Estados Unidos no Iraque e na Síria, onde uma aliança curdo-árabe está avançando sobre seu maior reduto, a cidade de Raqa.