Centenas de manifestantes bloquearam ruas e estradas em Caracas e outras cidades da Venezuela, nesta terça-feira (2), em protesto contra a convocação de uma Assembleia Constituinte pelo presidente Nicolás Maduro. A decisão do chavista afasta a possibilidade de eleições gerais, que são exigidas pela oposição.
Panelas e buzinas soavam nas ruas bloqueadas com barricadas de lixo. Uma enorme bandeira da Venezuela foi aberta no chão nos arredores de Altamira, reduto da oposição no leste da capital. Pilhas de lixo e árvores derrubadas também cortavam a passagem em Montalban, no oeste, do outro lado da cidade.
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O tráfego de veículos na estrada Francisco Fajardo, que atravessa de leste a oeste Caracas, era baixo, enquanto centenas de pessoas estavam indo a pé para os seus empregos.
Na segunda-feira (1º), após um mês de manifestações exigindo a saída de Maduro do poder por meio de eleições gerais e que levaram a distúrbios com um saldo de 28 mortos e centenas de feridos, o presidente convocou uma Constituinte "popular", cujos membros da Assembleia não seriam eleitos por sufrágio universal, mas por setores sociais e comunidades.
– É um verdadeiro gatilho histórico para aprofundar a revolução – prometeu o presidente, que acusa a oposição de promover "atos de terrorismo" para derrubá-lo e incentivar a intervenção internacional.
Em resposta, a oposição se prepara uma grande manifestação, na quarta-feira (3), considerada uma "mega-marcha".
– Esta Constituinte anunciada por Maduro é uma manipulação para escapar das eleições. O meu voto não vale mais ou menos do que o de ninguém – disse Raúl Hernández, estudante universitário de 22 anos que bloqueava com uma centena de pessoas a avenida Francisco de Miranda, uma das principais estradas do leste de Caracas.
Moradores denunciaram à imprensa local que as forças de segurança usavam gás lacrimogêneo para quebrar os bloqueios nas áreas de El Paraiso e La Urbina.
*AFP