O ex-advogado especializado na defesa dos direitos humanos Moon Jae-In venceu, nesta terça-feira (9), as eleições presidenciais na Coreia do Sul, de acordo com as pesquisas de boca de urna. O candidato do Partido Democrático, de centro-esquerda, obteve 41,4% dos votos, de acordo com uma pesquisa de três canais de televisão.
Atrás de Moon, o conservador Hong Joon-Pyo sumou 23,3% dos votos, seguido pelo centrista Ahn Cheol-Soo (21,8%), em uma eleição marcada pelo escândalo de corrupção que atingiu a ex-presidente Park Geun-Hye, indiciada por abuso de poder e suborno, e pelas tensões com a Coreia do Norte.
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A breve campanha presidencial foi dominada pelos temas de emprego e desigualdades, e os analistas esperam uma taxa de participação excepcional. As primeiras pesquisas de boca de urna devem ser divulgadas logo depois do fechamento dos locais de votação.
No epicentro da crise política sul-coreana está a relação da presidente destituída com Choi Soon-sil, sua amiga e que é chamada pela imprensa de "Rasputina" pelas acusações de que se aproveitou de suas relações para obter dezenas de milhões de dólares das grandes empresas sul-coreanas.
O escândalo de corrupção, que atingiu inclusive a Samsung, ampliou as frustrações da população a respeito das desigualdades, da economia e do desemprego. A crise influenciou os candidatos a prometer reformas para uma integridade maior no país.
Moon Jae-In, um veterano da luta pelos Direitos Humanos favorável a uma aproximação com a Coreia do Norte, era o grande favorito das eleições. O candidato de centro-esquerda do Partido Democrático liderou as pesquisas com 38% das intenções de voto – à frente do centrista Ahn Cheol-Soo, que em algumas pesquisas aparece empatado com o conservador Hong Joon-Pyo.
A vitória de Moon, de 64 anos, permite uma alternância à frente do país após 10 anos de liderança dos conservadores. A eleição do candidato de centro-esquerda significa uma importante mudança de política em relação a Pyongyang.
– Votei por Hong porque a segurança (em relação à Coreia do Norte) é a coisa mais importante – disse à AFP Chung Tae-Wan, um médico de 72 anos que votou em Seocho, no sul de Seul.
O futuro presidente terá como principais desafios o combate à desaceleração do crescimento, às desigualdades, à alta do desemprego e ao estancamento dos salários. Outra questão central para o próximo ocupante da Casa Azul, a residência oficial da presidência, será a ameaça da vizinha Coreia do Norte.
Em um momento em que alguns temem um sexto teste nuclear de Pyongyang, a tensão cresce devido ao caráter imprevisível do novo presidente americano, Donald Trump, que ameaça resolver a questão pela força.
A instalação de um escudo antimísseis norte-americano na Coreia do Sul para enfrentar a ameaça norte-coreana provocou irritação na China, e Trump deixou seus aliados perplexos ao pedir a Seul que pague uma fatura de 1 bilhão de dólares pelo dispositivo.
Rompendo com a linha dura em relação a Pyongyang defendida por Park, Moon deverá – em caso de vitória – propor uma aproximação menos conflitiva com a Coreia do Norte e uma emancipação da tutela americana.
*AFP