Capitão de navio, terceiro posto mais graduado na hierarquia da marinha uruguaia, o porta-voz da Armada do Uruguai, Gastón Jaunsolo, desde a juventude passa quase tanto tempo no mar quanto em terra. Já tripulou os principais navios do país vizinho e hoje é Chefe de Relações Públicas dos militares. Cabe a ele confirmar e dar detalhes à mídia sobre o naufrágio do navio sul-coreano Stellar Daisy, considerado o pior incidente naval da história recente do Cone Sul. Até por isso, dormiu poucas horas desde o fim de semana. Por telefone, concedeu entrevista a ZH. Veja abaixo os principais trechos:
Qual é a dimensão desse naufrágio?
É o maior de que me recordo. Naufrágios na costa uruguaia são relativamente comuns, o Cone Sul da América tem mar revoltoso, o tempo muda com frequência. Mas quase sempre atingem barcos pesqueiros. Esse, não. É um grande cargueiro, algo raro de ocorrer. Surpreende, também, porque o tempo estava bom, não tivemos tempestade. Não era um dia complicado para navegação.
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Os marinheiros resgatados falaram algo sobre possíveis causas do naufrágio?
Não muito. Eles ouviram um ruído forte e, logo após, a voz do comandante ordenando a toda a tripulação para abandonar o navio. Eles disseram que havia entrado água e o barco estava se partindo. Então largaram na água o esquife (bote salva-vidas) e o navio afundou. Esses sobreviventes já voltaram para a Ásia, de carona em um navio de Singapura.
Por que só o Brasil enviou aviões para a busca?
A ajuda brasileira é vital porque nossos aviões não têm alcance (o Uruguai usa Airbus C-212-300, bimotores com alcance de 1.433 quilômetros – o acidente ocorreu a 3,7 mil quilômetros). Os brasileiros usam quadrimotores Orion e Hércules (alcance de até 7.876 quilômetros, com tanques extras). As buscas continuam, não sabemos até quando.