As forças iraquianas retomaram, nesta segunda-feira, a ofensiva contra os extremistas do grupo Estado Islâmico (EI) na cidade antiga de Mossul, no norte do Iraque.
Quase 400 mil civis estão encurralados na cidade antiga, cercados pelos extremistas e pelas forças iraquianas – apoiadas pela coalizão internacional antijihadista liderada por Washington –, que tentam recuperar o último grande reduto urbano do EI no Iraque.
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"A Polícia Federal e a Força de Reação Rápida (do Ministério do Interior) começaram a avançar, hoje (segunda-feira), no eixo sudoeste da cidade antiga", afirma o comandante da Polícia Federal, general Raed Shaker Jawdat, em um comunicado.
A rua Faruk, próxima da mesquita Al-Nuri, é um dos principais objetivos
Escudos humanos
A mesquita Al-Nuri tem um valor simbólico para o EI. Foi neste local que o líder Abu Bakr Al-Bagdadi fez, em julho de 2014, a sua única aparição pública depois que o grupo extremista proclamou um "califado" nos territórios conquistados no Iraque e na vizinha Síria.
As tropas iraquianas estão nas imediações da cidade antiga há várias semanas, mas enfrentam uma resistência intensa dos jihadistas, que são acusados de utilizar civis como escudos humanos.
Na semana passada, autoridades do Iraque e testemunhas afirmaram que dezenas de civis morreram perto da cidade antiga, vítimas de bombardeios aéreos. As mortes foram classificadas como uma "tragédia" pelo comandante das operações militares norte-americanas no Oriente Médio, Joseph Votel.
"Estamos investigando o incidente para determinar exatamente o que aconteceu e continuaremos tomando medidas excepcionais para evitar prejudicar os civis", afirmou em um comunicado.
No domingo, membros do corpo de defesa civil e voluntários retiraram os corpos dos escombros do bairro, onde ao menos seis casas foram completamente destruídas.
Apenas o exército iraquiano e a coalizão antijihadista internacional, na qual participam a França e a Grã-Bretanha, entre outros países, realizam bombardeios nesta zona. Uma investigação foi aberta para determinar qual membro do exército iraquiano ou da coalizão realizou o ataque e em quais condições.
No sábado, a coalizão admitiu que realizou um bombardeio aéreo, em 17 de março, numa zona da cidade onde foram reportadas vítimas civis. Por sua parte, a ONU pediu às forças envolvidas em Mossul que façam todo o possível para proteger os civis.
As forças iraquianas iniciaram em 17 de outubro uma ampla operação para reconquistar Mossul. No final de janeiro, as tropas retomaram a zona leste da cidade, dividida pelo rio Tigre, e iniciaram a ofensiva para recuperar a zona oeste em 19 de fevereiro.
Desde então, mais de 200 mil civis fugiram dos combates no oeste de Mossul, segundo números oficiais iraquianos.
*AFP