Londres anunciou formalmente, neste 29 de março, aos demais membros da União Europeia que deixará o bloco, invocando o Artigo 50 do Tratado de Lisboa. "Todo Estado-membro poderá decidir, conforme suas normas constitucionais, retirar-se da União", aponta o primeiro parágrafo do artigo, antes de definir as modalidades internas do divórcio.
Da votação a favor do Brexit à entrega da carta oficializando a saída, veja os momentos mais relevantes, nestes nove meses, sobre a saída do Reino Unido da União Europeia.
Britânicos votam a favor do Brexit
Em 23 de junho, 17,4 milhões de britânicos votaram a favor de dar fim a 43 anos de integração na União Europeia, uma proporção de 52% a 48%.
A libra despenca
O resultado do referendo surpreendeu as Bolsas, que logo se recuperaram. Já o efeito sobre a libra foi mais duradouro: desde 23 de junho, desvalorizou-se mais de 15% em relação ao euro e ao dólar.
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Mudança de governo
Em 24 de junho, um dia depois do referendo, o primeiro ministro conservador David Cameron, que convocou o referendo e liderou a campanha a favor da permanência na UE, apresentou sua renúncia.
Na corrida para sucessão, o rosto mais conhecido da campanha, a favor da ruptura com a UE, o ex-prefeito de Londres Boris Johnson, se retirou surpreendentemente no último minuto, cedendo lugar para uma figura de consenso: a ministra do Interior Theresa May.
A ascensão dos partidários do Brexit
Em 13 de julho, May foi nomeada primeira-ministra e colocou três relevantes eurocéticos em postos-chave do governo, prometendo que o Brexit não tem volta.
Johnson foi nomeado ministro das Relações Exteriores, Liam Fox de Comércio Internacional, e David Davis ministro de uma nova pasta, a do Brexit, encarregada de administrar a saída.
Prazos para o Brexit são concretizados
Em 2 de outubro, May anunciou que, em março de 2017, no máximo, ativaria o Artigo 50 do Tratado de Lisboa, mecanismo formal para abandonar a UE, em um prazo de dois anos de negociações.
Recusa judicial
Em 3 de novembro, a Alta Corte decidiu que o governo precisava de aprovação parlamentar para iniciar o processo Brexit.
O tabloide do Daily Mail condenou aos juízes como "Inimigos do Povo" e o governo apelou.
Em 24 de janeiro de 2017, a Suprema Corte confirmou a decisão, embora tenha afirmado que o governo não tem obrigação de consultar a Escócia, a Irlanda do Norte e Gales nas negociações.
Ruptura
Em 17 de janeiro, May pronunciou um discurso expondo sua estratégia para o Brexit. Previamente, havia prometido reduzir a imigração procedente da UE e, pela primeira vez, admitiu que isso custaria ao Reino Unido o abandono do mercado único europeu.
Além disso, ameaçou deixar a UE sem acordo: "nenhum acordo é melhor do que um acordo ruim".
Trump apoia Londres
Em 27 de janeiro, May tornou-se a primeira líder estrangeira a ser recebida na Casa Branca pelo recém-eleito presidente Donald Trump.
Trump classificou de "maravilhosa" a decisão da Grã Bretanha de deixar a UE e elogiou a "relação especial" entre os dois países.
Parlamento apoia Brexit
Em 13 de março, o Parlamento aprovou a lei que deu aval a May para iniciar a ruptura com a UE, descartando emendas que pedem respeito aos direitos dos europeus que vivem no Reino Unido e outra pedindo uma votação parlamentar sobre o acordo resultante das negociações entre UE e Londres.
No dia 13 de março, a chefe do governo regional escocês, o nacionalista Nicola Sturgeon, anunciou que solicitará permissão ao parlamento regional para convocar um novo referendo de independência do Reino Unido, alegando que May ignora as necessidades da Escócia no Brexit, particularmente a vontade para permanecer no mercado único europeu.
Em 29 de março, o governo britânico notifica oficialmente sua saída aos sócios europeus, ao ativar o Artigo 50 do Tratado europeu de Lisboa, dando inicio a dois anos de negociações. Manifestantes contrários ao Brexit se reuniram em frente ao parlamento britânico e prometeram não silenciar durante o processo.