Recém-chegado à Casa Branca, o presidente norte-americano Donald Trump recebe nesta sexta-feira a primeira-ministra britânica Theresa May para discutir os laços comerciais pós-Brexit e dar um impulso à "relação especial" entre os Estados Unidos e o Reino Unido. A premiê é a primeira líder estrangeira a ser recebida no Salão Oval pelo republicano.
A visita de May será analisada pelos aliados dos Estados Unidos, que começam a traçar um estratégia diplomática em relação ao novo presidente, Donald Trump. Consideradas imprevisíveis, as relações do republicano têm como marco inicial a polêmica em torno da construção de um muro na fronteira com o México.
Trum e May falarão em uma coletiva de imprensa conjunta às 13h de Washington (16h de Brasília).
– Às vezes os opostos se atraem – disse Theresa May, filha de pastor, evocando a reunião com o imprevisível empresário septuagenário.
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A decisão de visitar Washington uma semana após a posse do magnata imobiliário criou polêmica no Reino Unido, onde as declarações do magnata a respeito dos muçulmanos, mulheres e uso da tortura digeriram mal.
O Reino Unido espera que as discussões sobre um futuro acordo comercial com Washington comecem rapidamente, mas o alcance do pacto continua a ser limitado até que a saída da União Europeia não seja efetivada.
O Reino Unido pode "discutir" um possível acordo de livre comércio com um país terceiro, mas não "negociar", enquanto ainda é membro da UE, recordou a Comissão Europeia.
Alerta sobre a Rússia
– Eu ainda não tenho um secretário de Comércio – ressaltou Donald Trump, que denuncia uma obstrução de seus adversários democratas que atrasam a confirmação pelo Senado do indicado, Wilbur Ross. – Eles querem falar de comércio, então eu vou cuidar disso, não é um problema – afirmou, divertindo-se.
Na véspera do encontro, May aproveitou-se de um discurso para os republicanos reunidos na Filadélfia para apresentar algumas ideias.
– Sim, é imperativo reformar as Nações Unidas, que continua a ser "vital". Sim, as grandes organizações internacionais, o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional, são imperfeitos, mas eles desempenham um papel central.
A Otan, para May, continua sendo "a pedra angular da defesa do Ocidente." Mas é sobre a Rússia de Vladimir Putin, sobre quem Donald Trump não esconde uma forma de admiração, que Theresa May foi mais explícita.
– Quando falamos sobre a Rússia, é sábio tomar como exemplo o presidente (Ronald) Reagan que, em suas negociações com o seu homólogo russo Mikhail Gorbachev costumava seguir o ditado "confiar, mas verificar". Com o presidente Putin, o meu conselho é "cooperar, mas ter cuidado".
Trump e Putin devem conversar pela primeira vez, no sábado, por telefone. A coletiva de imprensa nos corredores da Casa Branca será, em si, um grande desafio para o novo presidente. Grande fã do Twitter, Donald Trump realizou o exercício apenas uma vez nos últimos seis meses. Na última coletiva, em 11 de janeiro na Trump Tower de Nova York, atacou violentamente a imprensa.
Na quinta-feira, um de seus conselheiros, Steve Bannon, declarou que os "meios de comunicação são o partido de oposição. Eles não compreendem este país". "A imprensa (...) deveria se calar e escutar um pouco".