A ofensiva do exército sírio e seus aliados chega, nesta segunda-feira, à "fase final" no leste de Aleppo, de onde milhares de civis seguem fugindo enquanto as últimas forças rebeldes ficam cada vez mais encurraladas. O regime sírio domina, agora, mais de 90% do que era a zona rebelde de Aleppo desde a divisão da cidade em 2012.
O regime de Bashar al-Assad retomou, nesta segunda, o grande bairro de Sheikh Said, no sudeste da cidade, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH). Os bombardeios aéreos e os disparos de artilharia das forças governamentais seguiam atingindo o setor controlado pela oposição em Aleppo, cada vez menor.
Ex-capital econômica da Síria, a cidade estava desde 2012 dividida entre os bairros a leste, controlados pelos rebeldes, e o setor oeste, nas mãos do regime.
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Uma ofensiva fulminante do exército de Damasco lançada no dia 15 de novembro com o apoio de combatentes iranianos e do Hezbollah libanês, e auxiliada por bombardeios aéreos e de artilharia russos, expulsou os rebeldes de quase todo o território que controlavam na cidade.
Um correspondente da AFP em terra indicou, nesta segunda-feira, que os ataques, que podiam ser ouvidos desde o setor ocidental, eram os mais intensos em vários dias.
– A operação entra em sua fase final – disse um responsável militar em Aleppo, ressaltando que os insurgentes mantinham apenas 10% de seu antigo território.
– O setor que a oposição ainda controla é muito reduzido e pode cair a qualquer momento. Os rebeldes só mantêm o controle total de dois bairros: Al-Mashad e Sukari – indicou o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.
"Séria preocupação"
Mais de 10 mil civis fugiram dos bairros rebeldes nas últimas 24 horas para alcançar os setores sob controle governamental, segundo o OSDH. No total, 130 mil civis abandonaram os bairros da oposição desde 15 de novembro, em cálculos da mesma fonte.
– Existe uma séria preocupação pelos milhares de civis que permanecem nos bairros controlados pela rebelião – indicou Abdel Rahman.
Na semana passada, o grupo Estado Islâmico (EI) lançou uma ofensiva no deserto da província central de Homs, capturando campos petrolíferos e posições governamentais. A ONG indicou que os extremistas avançavam, nesta segunda-feira, ao sul e a oeste da cidade contra o exército de Damasco perto da cidade de Al Qaryatain, enquanto os aviões russos prosseguiam atacando-os a partir do ar.
Em Palmira, cidade que o grupo extremista voltou a retomar nove meses depois de ter sido expulso pelas forças de Damasco, o EI executou oito combatentes pró-regime, segundo o OSDH.
Mais de 30 civis mortos
Também nesta segunda-feira, ao menos 34 civis, incluindo 11 crianças, perderam a vida em uma série de bombardeios aéreos em localidades controladas pelo EI na província de Hama, no centro do país, indicou a ONG.
Ocorreram "ataques aéreos intensos" nesta madrugada contra a localidade de Uqayribat e várias aldeias dos arredores, no leste de Hama, afirmou o OSDH.
Não se sabe se os bombardeios foram realizados por aviações da força aérea síria ou da aviação russa, acrescentou. O conflito na Síria, desencadeado em 2011 pela sangrenta repressão das manifestações pacíficas pró-democracia no país, se transformou em uma complexa guerra que envolve muitos atores sírios e estrangeiros.
Em cinco anos, o enfrentamento deixou mais de 300 mil mortos e deslocou a metade da população. Segundo o OSDH, 415 civis morreram em Aleppo pela ofensiva do regime e 130 por disparos rebeldes.