O tunisiano Anis Amri, suposto autor do atentado em Berlim, morto em uma troca de tiros com a polícia italiana na madrugada desta sexta-feira em Milão, "não tinha documentos, era um fantasma", anunciou o chefe da polícia Antonio de Iesu.
– Só carregava a arma com a qual atirou. Não tinha celular, levava uma pequena faca e algumas centenas de euros – indicou Iesu em uma coletiva de imprensa.
– Estávamos realizando uma simples blitz. É paradoxal, mas não sabíamos que ele era um assassino – admitiu o chefe da polícia de Milão, referindo-se ao principal suspeito do ataque de segunda-feira a um mercado de Natal em Berlim, na Alemanha, que matou 12 pessoas e feriu outras 50.
– Foi por acaso que o descobrimos durante um controle de rotina, parece absurdo, mas é verdade – contou.
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De acordo com o relato da polícia, Anis Amri, de 24 anos, estava tranquilo quando os polícias pediram que esvaziasse a mochila que carregava. Com um gesto repentino, sacou uma pistola calibre 22 já carregada, pronta para uso, e atirou, ferindo um dos dois agentes, resumiu Iesu. O chefe da patrulha reagiu, ferindo-o na lateral, causando a morte do suspeito após 10 minutos.
O tiroteio ocorreu durante as primeiras horas desta sexta-feira, às 3h (horário local), em frente à estação ferroviária do bairro Sesto San Giovanni.
A agência de propaganda Amaq, ligada ao grupo jihadista Estado Islâmico, disse que o homem morto em Milão era, de fato, o autor do atentado de Berlim.
O suspeito, que tinha acabado de chegar da França de trem, tinha nos bolsos várias passagens e teria passado por Turim. Antes de se estabelecer na Alemanha em julho de 2015, ele passou quatro anos na Itália depois de chegar d Tunísia na ilha siciliana de Lampedusa em 2011.
Lealdade ao Estado Islâmico
Anis Amri, a quem o grupo Estado Islâmico atribui a autoria do atentado, havia jurado lealdade ao EI em um vídeo divulgado nesta sexta-feira pela agência de notícias vinculada à organização extremista.
A gravação mostra o tunisiano jurando lealdade ao líder do EI, Abu Bakr Al Bagdadi. O homem, que aparece de pé e vestido com um abrigo sobre o que parece ser uma passarela sobre um rio, fala diretamente para a câmera. Explica sua intenção de vingar os muçulmanos vítimas de bombardeios aéreos e pede ataques aos "cruzados".
A data e o local da gravação, que dura três minutos, não foram revelados.
*AFP