Quatro americanos, entre eles dois soldados, morreram neste sábado em um atentado com bomba reivindicado pelos talibãs na maior base militar dos Estados Unidos no Afeganistão, perto de Cabul. "Um homem-bomba matou dois soldados americanos e dois funcionários terceirizados americanos", declarou o secretário de Defesa americano Ashton Carter, em um comunicado. "A explosão feriu outros 16 soldados americanos e um soldado polonês que participava na missão da Otan" no Afganistán", disse ainda, acrescentando estar "profundamente triste" com a notícia. "As forças de proteção são uma prioridade para nós no Afeganistão e investigaremos esta tragédia para determinar que medidas podemos tomar para melhorá-las", destacou.
Esse ataque ocorre quando os rebeldes islamitas intensificam seus ataques em todo o país antes da chegada do inverno, que vem acompanhada por uma trégua forçada nos combates. Na véspera, ao menos seis pessoas morreram em outro ataque talibã contra o consulado alemão em Mazar-i-Sharif, no norte do Afeganistão, ação em represália pela morte de civis em um bombardeio da Otan na semana passada. O ataque com caminhão-bomba, que provocou explosão de grande potência, deixou seis mortos, segundo o hospital que recebeu os corpos.
A intensificação dos ataques acontece pouco depois das eleições presidenciais americanas. A campanha presidencial abordou pouco a situação do Afeganistão, apesar de ser um dos assuntos mais urgentes para o futuro presidente Donald Trump. A intervenção americana, iniciada depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, concluiu oficialmente no final de 2014, mas Barack Obama, eleito em 2008 com a promessa de por fim às guerras no Iraque e Afeganistão, teve de modificar várias vezes o calendário de retirada das tropas.
A polícia, que informou sobre um balanço de sete mortos, disse que duas vítimas morreram por erro das forças alemãs, que as confundiram com os criminosos. No ataque 128 pessoas também ficaram feridas, entre elas 10 crianças.
O artefato deste sábado explodiu na base área de Bagram e a Otan, em um comunicado, informou que uma investigação foi aberta.
O porta-voz dos talibãs, Zabihula Mujahid, por sua vez, reivindicou o ataque na base e afirmou que infligido "grandes perdas aos invasores americanos".
Waheed Sediqi, porta-voz do governo da província de Parwan, onde Bagram fica localizado, declarou que um homem-bomba se fez explodir perto de uma cantina no interior da base. "Ignoramos a identidade das vítimas, mas o agressor era um dos empregados afegãos", declarou.
A explosão evidencia a degradação da segurança quase dois anos depois do fim das operações da Otan no Afeganistão e em um momento em que as forças afegãs têm dificuldade para frear os insurgentes islamitas.
Desde a retirada da maioria das tropas ocidentais no final de 2014, a operação "Apoio Decidido" conta com 12 mil homens, entre eles 10 mil americanos, que se encarregam de formar, aconselhar e assistir os soldados afegãos na luta contra os talibãs e o grupo Estado Islâmico (EI), principalmente no leste do país.
De acordo com o governador do distrito de Bagram, Abdul Shakoor Quddusi, a explosão foi potente e sacudiu a região.
O general americano John Nicholson, comandante da operação da Otan no Afeganistão, expressou seus pêsames às famílias das vítimas.
A base de Bagram, situada a 50 km de Cabul, é alvo de frequentes ataques dos talibãs, apesar das fortes medidas de segurança.
Em dezembro, um talibã explodiu sua moto perto da entrada, matando seis soldados americanos, em um dos ataques contra militares estrangeiros mais violentos de 2015 no Afeganistão.