O furacão Matthew, o mais poderoso ciclone da última década no Caribe, avançava mais lentamente neste domingo (2), mas ainda com grande força, para o norte em direção a Haiti, Jamaica e Cuba, uma trajetória que poderá levá-lo também à costa leste dos Estados Unidos.
Segundo o boletim das 15h (horário de Brasília) deste domingo do Centro Nacional de Furacões (NHC), com sede em Miami, Matthew se encontrava a 535 km ao sudoeste de Porto Príncipe, Haiti, e a 475 km ao sudeste de Kingston, a capital da Jamaica, com ventos suspensos de até 230 km/h.
De acordo com o mesmo boletim, Matthew se deslocava com relativa lentidão, a 7 km/h.
Após alcançar na sexta-feira à noite (30) a categoria máxima na escala de Saffir-Simpson, que vai de 1 a 5, Matthew perdeu força na manhã de sábado, mas continuava neste domingo como um perigoso furacão de categoria 4.
Isso faz desse fenômeno o mais potente ciclone no Caribe desde o furacão Félix em 2007.
De acordo com a trajetória prevista, o centro do Matthew passará perto da Jamaica na segunda-feira (3) - causando fortes chuvas na ilha - e tocará a terra no Haiti, informou o NHC.
O ciclone continuará até o norte, alcançando a zona oriental de Cuba entre segunda e terça-feira, enquanto avança em direção às Bahamas, acrescentou.
Experiência cubana
O presidente Raúl Castro viajou à cidade de Santiago de Cuba, a principal do leste da ilha, para coordenar o plano de emergência para enfrentar Matthew, informou o jornal oficial "Granma".
Além de Santiago de Cuba, foram declarados alerta ciclônico para as províncias de Camagüey, Las Tunas, Holguín, Granma e Guantánamo, completou o "Granma".
Alguns voos nacionais e internacionais já foram cancelados nessas províncias consideradas em alerta em Cuba. Segundo a Corporação da Aviação Civil, viagens para Porto Príncipe, Santo Domingo, Martinica, Guadalupe e Caracas estão suspensas.
Funcionários da base naval americana da baía de Guantánamo anunciaram uma ordem de evacuação de todo o pessoal não essencial e suas famílias.
A evacuação "aconteceu esta manhã e ainda está em curso", declarou um oficial neste domingo à AFP.
"Este é um furacão, diante do qual é preciso se preparar, como se fosse o dobro de potência do que Sandy", advertiu Castro, ferindo-se ao fenômeno de 2012 que deixou 11 mortos e milionárias perdas na mesma área.
Em 25 de outubro de 2012, a zona leste de Cuba sofreu com a devastadora passagem do furacão Sandy, com saldo de 11 mortos e danos a mais de 171.000 casas, das quais quase 16.000 desabaram, de acordo com o balanço oficial.
"Há muitas coisas que se podem prever, o que nos permitirá realizá-las oportunamente. Está aí a importância de nos prepararmos e aperfeiçoarmos esse tipo de enfrentamento, sem desperdiçar qualquer experiência", comentou o presidente cubano.
Presidente alerta população
O furacão provocaria entre 400 e 600 milímetros de chuva no sul do Haiti, "com possíveis quantidades máximas isoladas de 1010 mm", advertiu o NHC.
Também está previsto que cause entre 380 e 630 milímetros de chuva no sul do Haiti, e até 1000 mm em alguns lugares. No leste da Jamaica, as precipitações ficariam entre 250 e 500 mm, segundo o NHC.
"Compatriotas, não sejam teimosos, não digam 'Deus é bom' e cuidará de vocês: é preciso evacuar as zonas em perigo. Não temos nenhum interesse em pôr suas vidas em risco", insistiu o presidente interino do Haiti, Jocelerme Privert, em pronunciamento à Nação neste domingo.
O mais pobre país da região, o Haiti aumentou no sábado à noite seu nível de alerta, passando de laranja para vermelho, o mais alto, após realizar mais de 100 evacuações preventivas no sul, a zona mais exposta.
As aulas estão suspensas nesta semana, para que as instituições de ensino sirvam de abrigo. Em todo o território, já foram registrados 1.300 refúgios provisórios, os quais permitem acolher apenas 340.000 pessoas.
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