A magnitude da devastação que o furacão Matthew deixou no Haiti ficou nítida neste sábado, três dias após a passagem do ciclone que arrasou o sul do país. Ao menos 800 pessoas morreram e de acordo com levantamento da ONU, 350 mil pessoas precisam de assistência humanitária imediata no país. O furacão de categoria 4 levou ventos de até 230km/h para o país caribenho.
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Embora Porto Príncipe, capital e principal cidade haitiana, quase não tenha sofrido danos, o sul do país ficou devastado – estima-se que 90% da região foi destruída. Imagens aéreas da zona atingida pelo furacão mostram uma paisagem em ruínas, com moradias arrasadas e sem teto, árvores caídas e o solo coberto pelo lodo dos rios inundados. Autoridades do país temem que nos locais de difícil acesso por vias terrestres mais vítimas sejam encontradas.
Jeremie, um município de 30.000 habitantes que ficou inacessível desde a sexta-feira, recebia os visitantes com cenas de desolação, sem energia elétrica pela destruição dos cabos e com as as comunicações interrompidas. Praticamente todas as casas de alumínio foram destruídas e apenas poucas construções de concreto ficaram de pé.
– É como se alguém tivesse um controle remoto e só apertasse o botão do vento para aumentar mais e mais. Quando o teto da minha casa voou, me segurei na parede com a mão esquerda e com a direita agarrei com todas as minhas forças o meu filho de três anos, que gritava – disse Carmine Luc, uma mulher de 22 anos.
Diante da dimensão das perdas humanas e materiais, o presidente provisório Jocelerme Privert decretou neste sábado três dias de luto nacional, pouco antes de embarcar para a cidade de Jérémie, capital do departamento de Grande Anse, o mais atingido pelo desastre.
Na última quarta-feira as Bahamas, foram atingidas com ventos de quase 200 km/h e chuvas torrenciais. Houve danos também na República Dominicana em Cuba.
Furacão perdeu força nos Estados Unidos
Nos Estados Unidos, um dos furacões mais temidos da história chegou à costa leste do país já enfraquecido. De acordo com a agência Asssociated Press, nos Estados Unidos foram confirmadas 10 mortes. Mais de 2,5 milhões de pessoas foram alertadas para evacuarem suas casas na Flórida, Geórgia e na Carolina do Sul – que continuam em estado de alerta até a noite deste sábado.
Foi na madrugada de sexta-feira, o furacão atingiu estado da Flórida, com ventos passando de 200 km/h e deixando mais de um milhão de pessoas sem luz. Matthew, que se degradou a furacão de categoria 1, prosseguia neste sábado seu trajeto pela costa leste dos Estados Unidos, e ameaçava provocar graves inundações. O impacto foi menos violento que o esperado, já que o olho do furacão não tocou a terra.
Em North Myrtle Beach, na Carolina do Sul, ruas ficaram alagadas
Às 6h GMT (3h, horário de Brasília), Matthew estava perto de Charleston, na costa da Carolina do Sul, e de Savannah, na Geórgia. De acordo com a CNN, os Estados Unidos permanecem em alerta, e o furacão deve dissipar-se apenas na terça-feira.
"Há risco de inundações mortais (...) ao longo da costa da Geórgia, da costa da Carolina do Sul e da Carolina do Norte", advertiu o Centro Nacional de Furacões (NHC).
O presidente americano, Barack Obama, alertou que Matthew "ainda é realmente um furacão perigoso".
– Acredito que a maior preocupação neste ponto não é apenas a força dos ventos do furacão, mas o aumento do nível das águas costeiras – disse Obama na Casa Branca.