O Equador reconheceu nesta terça-feira que restringiu temporariamente o acesso à Internet em sua embaixada em Londres, onde está asilado desde 2012 o fundador do WikiLeaks, o australiano Julian Assange.
"No exercício de seu direito soberano, o Equador restringiu temporariamente o acesso à parte de seu sistema de comunicações na embaixada no Reino Unido", informou, por meio de nota, a chancelaria em Quito.
"Esta restrição temporária não impediu as atividades jornalísticas do WikiLeaks", acrescenta o documento .
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A chancelaria assinalou que durante as últimas semanas WikiLeaks publicou um grande volume de documentos, que tiveram "impacto" na campanha eleitoral nos Estados Unidos, e que "a decisão de divulgar tais informações é de exclusiva responsabilidade da organização Wikileaks".
O comunicado destaca que o governo equatoriano "respeita o princípio de não ingerência nos assuntos de outros países, e não se intromete em processos eleitorais em curso ou apoia um candidato em especial". "Neste sentido", decidiu restringir o acesso à Internet na embaixada em Londres.
Há dois dias, o WikiLeaks divulgou informações sobre discursos remunerados que a candidata Hillary Clinton fez para o banco Goldman Sachs, colocando em evidência os vínculos entre o Partido Democrata e um dos principais atores de Wall Street, na reta final da disputa pela Casa Branca.
Assange, 45 anos, está na embaixada equatoriana de Londres desde junho de 2012 para evitar ser extraditado para a Suécia, onde é acusado de estupro.
O caso
Na última segunda-feira, o site WikiLeaks afirmou, por meio de sua conta oficial no Twitter, que seu fundador, Julian Assange, estava sem acesso à internet desde o último sábado. A página diz que o governo do Equador é o responsável pelo ato contra o australiano, que está exilado na embaixada do país latino em Londres, na Inglaterra, desde 2012.
O post na rede social dá a entender que o corte teria acontecido pouco tempo depois de o WikiLeaks divulgar uma série de discursos pelos quais a candidata democrata à Presidência dos Estados Unidos, Hillary Clinton, teria sido remunerada pelo banco Goldman Sachs para fazê-los.
O vazamento expôs os vínculos entre o Partido Democrata e um dos principais atores de Wall Street bem na reta final da disputa pela Casa Branca.
"Podemos confirmar que Equador cortou o acesso à internet de Assange sábado, às 5pm GMT, logo após a publicação de discurso de Clinton ao Goldman Sachs", diz um dos tuítes.
Outro post afirma que “planos de emergência adequados foram adotados".
Ainda por meio do Twitter, nesta terça-feira, o site acusa o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, de ter interferido pessoalmente na tentativa de barrar a divulgação de materiais ligados à candidata democrata. Segundo a publicação, Kerry teria pressionado o governo do Equador durante as negociações do país com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
"Várias fontes dos EUA nos dizem que John Kerry pediu que o Equador impeça a publicação de docs de Clinton durante as negociações de paz das FARC", afirma o WikiLeaks na rede social.
*AFP