O presidente americano, Barack Obama, chegou nesta terça-feira ao estado da Louisiana, afetado por inundações, na esperança de oferecer apoio às comunidades devastadas e silenciar os seus críticos, que dizem que ele deveria ter feito a visita antes.
Obama tem sido alvo de críticas por não ter encurtado suas férias de duas semanas na ilha de Martha Vineyard para visitar o estado da Costa do Golfo, onde as fortes chuvas deixaram milhares de casas submersas.
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Pelo menos 13 pessoas morreram e 86 mil se inscreveram para receber assistência de emergência do governo dos Estados Unidos em consequência das inundações. A Guarda Nacional foi mobilizada e o governo federal tem mostrado que está fazendo todo o possível para acelerar a recuperação.
O desastre trouxe de volta memórias dolorosas do furacão Katrina, que há 11 anos inundou a região metropolitana de Nova Orleans, na Louisiana, e deixou mais de 1,8 mil mortos em todo o país.
Obama, com botas de caminhada e as mangas da camisa arregaçadas, aterrizou em Baton Rouge nesta terça-feira, e a previsão era que ele visitasse uma das áreas mais atingidas.
A Agência Federal de Gestão de Emergências, que foi duramente criticada por sua resposta ao Katrina, aprovou uma ajuda no valor de US$ 120 milhões, anunciou o executivo pouco antes da chegada de Obama à Louisiana.
A Casa Branca disse, ainda, que Obama iria avaliar o que mais poderia ser feito.
Em poucos dias, houve até 79 centímetros de chuvas em algumas partes do estado, cujo ponto mais alto se situa apenas 165 metros acima do nível do mar.
Obama declarou 20 das 64 paróquias da Louisiana (equivalentes aos condados nos demais estados) áreas de grande desastre, agilizando a chegada de assistência federal.
"Pontos políticos"
A alguns meses da eleição de novembro, as viagens de Obama se tornaram inevitavelmente outro ponto de discussão nas campanhas presidenciais.
O candidato republicano, Donald Trump, visitou comunidades atingidas pelas enchentes na semana passada e provocou o presidente sobre a sua ausência.
- Honestamente, Obama deveria sair do campo de golfe e ir para lá - disse Trump.
O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, defendeu na terça-feira a "rapidez e eficácia" da resposta do governo federal.
- Eu acho que o presidente está acostumado com pessoas que tentam marcar pontos políticos, mesmo em situações onde não deveriam - disse Earnest. - Estamos falando de vidas perdidas. Estamos falando de uma comunidade que está sendo destruída. (...) É um momento oportuno para colocar a política de lado e realmente focar nas nossas responsabilidades como americanos - acrescentou.
Antes da visita de Trump, o governador de Louisiana, o democrata John Bel Edwards, disse que o candidato seria bem-vindo ao estado, "com a condição de que não se trate só de posar para as fotos".
- Esperamos que ele considere se voluntariar ou fazer uma doação considerável para o Fundo de Ajuda para Inundações para ajudar as vítimas desta tempestade - disse Edwards.
O governador também justificou a decisão de Obama de não ter ido ao estado antes, argumentando que uma visita presidencial exige tais medidas de segurança que seria necessário disponibilizar policiais que estavam ocupados ajudando os afetados.
Um argumento também utilizado pela candidata democrata Hillary Clinton, que disse que preferia dar tempo para os serviços de resgate fazerem seu trabalho, em uma crítica implícita ao rival republicano.
- Me comprometi a visitar as comunidades afetadas por estas inundações, em um momento em que a presença de uma campanha política não vai atrapalhar a resposta - disse Hillary, pedindo doações para a Cruz Vermelha.
Os republicanos costumam receber a maioria dos votos de Louisiana nas eleições presidenciais. O último candidato democrata a ganhar no estado foi o ex-presidente Bill Clinton, que disputava com Bob Dole, em 1996.
* AFP