Um caminhão atropelou nesta quinta-feira uma multidão na cidade de Nice, sul da França, durante uma festa com queima de fogos em comemoração ao Dia da Bastilha, celebrado no dia 14 de julho. Pelo menos 84 pessoas teriam morrido e 100 teriam ficado feridas, de acordo com o ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve. Dezoito feridos estão em estado crítico. A Prefeitura qualificou o ato como um atentado.
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Segundo o procurador de Nice, Jean-Michel Prêtre, o caminhão circulou por dois quilômetros no meio da multidão, reunida para ver os fogos de artifício.O ataque aconteceu no Passeio dos Ingleses, a avenida costeira da cidade turística da Riviera Francesa no Mediterrâneo, cheia de gente no início do período de férias de verão.
O motorista do veículo foi morto pela polícia local, informou o Ministério do Interior.
O presidente francês, François Hollande, que estava em Avignon (sudeste), voltou a Paris para chefiar a célula de crise montada no Ministério do Interior na madrugada de quinta para sexta-feira (hora local), indicou a presidência francesa.
O veículo, um caminhão branco, atropelou as pessoas, provocando um movimento de pânico na orla, muito frequentada por turistas, especialmente no dia da festa nacional francesa, constatou um jornalista da AFP.
– Havia gente machucada e destroços por todos os lados em meio aos gritos – declarou o jornalista.
Ex-prefeito de Nice e atual presidente da metrópole Nice-Cote D'Azur, Christian Estrosi lamentou o ataque. O político também confirmou que o caminhão estava carregado com "armas pesadas" e granadas no veículo.
– Havia armas nesse veículo e armas pesadas. Não posso me pronunciar além disso. É responsabilidade do secretário regional do Interior e do procurador – disse Estrosi.
Testemunhas que presenciaram o ataque afirmam que o motorista atirou na população enquanto dirigia. Além disso, também há relatos de que o caminhão andava em zigue-zague para acertar o maior número possível de pessoas, com o ataque percorrendo cerca de dois quilômetros.
A Casa Branca anunciou, na noite desta quinta-feira, que o presidente Barack Obama já foi informado sobre o atentado em Nice.
– O presidente foi informado sobre a situação em Nice, na França, e sua equipe de Segurança Nacional vai atualizá-lo, conforme o caso – afirmou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Ned Price.
O presidente interino Michel Temer, através do Twitter, lamentou o atentado:
"É lamentável que no dia que eternizou a fraternidade como lema do povo francês, um atentado destrua a vida de tantos cidadãos", escreveu.
O jornal Nice-Matin noticiou que o motorista do caminhão era nascido na cidade e de origem tunisiana. Ele teria 31 anos, e não teve seu nome divulgado. As autoridades não confirmaram as informações do jornal.
Já na madrugada desta sexta-feira na França, o Conselho Francês da Fé Muçulmana (CFCM, na sigla em francês) se pronunciou sobre o ataque, condenando "veementemente" o atentado.
– A França foi novamente alvo de um ataque de extrema gravidade. Condenamos o ataque hediondo e abjeto no nosso país, no mesmo dia do feriado nacional que celebra os valores da liberdade, igualdade e fraternidade. Conclamamos os muçulmanos da França a rezar em memória das vítimas – disse o comunicado.
Este é o segundo atentado mais sangrento cometido na Europa nos últimos anos, superado apenas pelos ataques em Paris, em novembro de 2015, com 130 mortos.
O ataque contra Bruxelas, em março de 2016, fez 32 vítimas fatais. Os ataques a Paris e Bruxelas foram reivindicados pelo grupo jihadista Estado Islâmico.
O atentado em Nice ocorre em um contexto de ameaça terrorista muito elevada, especialmente na França, envolvida em ações militares na Síria contra o Estado Islâmico.
O massacre acontece menos de duas semanas antes do final programado para o estado de emergência na França, previsto para o dia 26 de julho.
Durante um show de fogos de artifício, um foco de incêndio foi registrado no entorno da Torre Eiffel, em Paris na noite desta quinta. Autoridades afirmaram que o acidente não tem ligação com o ataque em Nice.
*AFP