O chefe do Pentágono, Ashton Carter, discutiu nesta segunda-feira em Bagdá com as autoridades iraquianas sobre a luta contra o grupo Estado Islâmico (EI) e anunciou que os Estados Unidos vão enviar 560 militares adicionais ao Iraque.
Durante sua quarta visita ao Iraque desde que assumiu o cargo, em fevereiro de 2015, Carter se reuniu com o primeiro-ministro Haider al-Abadi e seu colega Khaled al-Obeidi, enquanto os Estados Unidos lideram uma ampla coalizão internacional para combater o grupo extremista sunita.
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Sua visita ocorre dois dias após a retomada pelas forças iraquianas de uma base aérea cerca de 60 km ao sul de Mossul, visto como um passo crucial na batalha pela reconquista da segunda cidade do país que caiu nas mãos do EI em junho de 2014.
Carter ressaltou o sucesso da campanha anti-EI, mais de dois anos depois que o grupo apreendeu grandes áreas no Iraque e na Síria. Mas apesar dessas vitórias, a comunidade internacional não foi capaz de reduzir a capacidade da organização extremista de realizar ataques devastadores em todo o mundo.
O grupo cometeu em 4 de julho um atentado suicida em Bagdá, que matou cerca de 300 pessoas, um dos mais sangrentos no Iraque desde a invasão americana do país em 2003.
Retomada de Mossul
Com a decisão de Carter, os Estados Unidos elevará a 4.600 o número de militares americanos posicionados no Iraque, especialmente para amissões de formação das tropas iraquianas.
– Deixe-me começar por expressar as minhas condolências e as dos Estados Unidos pelos ataques terroristas que tiveram como alvo o povo iraquiano nas últimas semanas –, disse Carter a Abadi.
– Estes ataques reforçam ainda mais a nossa determinação de ajudar a derrotar o EI. Também quero felicitá-lo pela série de conquistas das forças de segurança iraquianas contra o EI –, ressaltou o chefe do Pentágono.
Abadi anunciou no sábado a retomada da base aérea de Qayyarah, que poderia servir como um ponto de partida para lançar operações para a reconquista de Mossul, "capital" do grupo extremista no Iraque.
Carter declarou a repórteres a bordo de um avião militar antes de chegar no Iraque que "iria discutir com Abadi e nossos comandantes no local as próximas etapas da campanha, incluindo a retomada de Mossul".
O objetivo final, disse ele, é "a retomada pelas forças de segurança iraquianas de todo o Iraque, mas Mossul constitui, naturalmente, uma grande parte".
Na Síria, centenas de soldados americanos foram enviados para apoiar os rebeldes e curdos, enquanto que a coalizão internacional bombardeia diariamente alvos do EI em ambos os países.
Sucesso das primeiras "10 etapas"
A guerra anti-EI permitiu recuperar, de acordo com o Pentágono, 45% do território que os extremistas controlavam no Iraque desde 2014 e 20% das áreas ocupadas pelo grupo na Síria.
O Pentágono também comemora o sucesso das "10 primeiras etapas" da campanha anti-EI, que incluíram a recuperação de várias grandes cidades, incluindo Ramadi no Iraque e Al-Chaddadi, uma cidade no nordeste da Síria que era um reduto do EI.
Carter e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, haviam sido criticados pelo lento início da campanha anti-EI lançada em 2014, especialmente na Síria, um país devastado pela guerra, onde Washington tinha pouca capacidade no solo para obter informações sobre alvos.
O Pentágono, em seguida, anunciou uma série de medidas para acelerar a luta, centrando-se na formação das forças anti-EI no norte da Síria e no aumento do número de conselheiros para as forças iraquianas.
Carter também deve conversar por telefone com o presidente de fato da região autônoma do Curdistão iraquiano (norte), Massud Barzani.
Os Estados Unidos prometeram US$ 415 milhões para ajudar as forças curdas, que desempenham um papel fundamental na luta anti-EI e na batalha de Mossul.