O sírio que se detonou no último domingo no sul da Alemanha em nome do Estado Islâmico (EI) foi entrevistado duas vezes em 2013 pela emissora de televisão pública búlgara, ano em que obteve o status de "proteção humanitária" desse governo. A rede de televisão BNT divulgou nesta quarta-feira trechos de ambas as entrevistas.
O autor desse atentado cometido perto de um festival de música em Ansbach viveu cerca de um ano na Bulgária, onde chegou clandestinamente procedente da Turquia, em julho de 2013. Deixou o país em meados de 2014, declarou o Ministério búlgaro do Interior, nesta quarta.
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Nesse período, onde "não atraiu a atenção das autoridades", segundo a mesma fonte, foi entrevistado pela emissora BNT em uma reportagem sobre os imigrantes em Sófia, em setembro e novembro de 2013.
Esse homem originário de Aleppo tinha uma longa trajetória como extremista, afirmou o grupo Estado Islâmico (EI) em nota divulgada nesta quarta, relatando seu envolvimento com vários grupos armados. Entre eles, está a Frente Al-Nosra, na época uma extensão na Síria do Estado Islâmico do Iraque.
À emissora búlgara, ele se apresentou como um professor de Matemática, que perdeu a família e decidiu fugir da Síria. Diante das câmeras, mostrou o que seriam cicatrizes, nas pernas, das explosões de obuses.
Em outra entrevista, ele se diz vítima, junto com outros imigrantes, de golpistas locais que teriam roubado seu dinheiro, depois de lhe prometer abrigo. O grupo foi então deixado à própria sorte, nas ruas.
Nesta quarta, a jornalista da BNT que o entrevistou descreveu o sírio como "mais calmo, reservado, até tímido". A repórter disse ainda se lembrar de que ele lhe garantiu "não aprovar a violência e não classificar as pessoas em função de sua fé e de sua religião".
Em dezembro de 2013, ele obteve uma "proteção humanitária" por parte do governo búlgaro, disse hoje a responsável pelo Escritório para Refugiados no país, Petya Parvanova. Diferentemente da condição de refugiado, esse "status" não permite viajar pela União Europeia (UE) sem visto.
Depois disso, entrou na Alemanha, onde apresentou um pedido de asilo que foi rejeitado há um ano, segundo as autoridades locais. De acordo com Berlim, esse indivíduo de 27 anos fez duas tentativas de suicídio e ficou vários dias em um hospital psiquiátrico.
O sírio faleceu na explosão de seu artefato na frente de um café em Ansbach. O ataque deixou 15 feridos, quatro deles em estado grave.
*AFP