As Forças Armadas do Egito anunciaram nesta sexta-feira que encontraram destroços e objetos pessoais dos passageiros do voo MS804 da EgyptAir que caiu na madrugada de quinta-feira no Mediterrâneo, durante uma viagem de Paris ao Cairo.
"Aviões e navios das Forças Armadas encontraram objetos pessoais dos passageiros e destroços da aeronave 290 quilômetros ao norte de Alexandria (no Egito)", afirma o exército em um comunicado. "A busca continua, estamos retirando água de tudo o que encontramos", completa a nota oficial.
O presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sisi, determinou na quinta-feira a intensificação das operações de busca após anúncios contraditórios sobre a localização de destroços, que não pertenciam à aeronave da EgyptAir.
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O voo MS804 desapareceu repentinamente dos radares na madrugada desta quinta-feira sem que o piloto tenha indicado nenhum problema e quando as condições do voo, que se aproximava da costa egípcia, eram excelentes. Sempre mantendo a prudência, o ministro egípcio da Aviação Civil considerou que esta situação pode "levar a pensar que a probabilidade (...) de um ataque terrorista é mais alta que de uma falha técnica" para explicar seu desaparecimento.
– Mas não quero tirar conclusões precipitadas – disse Chérif Fathy.
O presidente francês, François Hollande, declarou que "não se descarta, nem se privilegia nenhuma hipótese", falando de um acidente ou de um atentado terrorista. A França enviou vários especialistas para o Egito para participar das investigações sobre as causas que levaram o avião a cair.
Não houve mensagem de emergência
A tripulação do Airbus A320 não enviou nenhuma mensagem de emergência, segundo as forças armadas egípcias e a aviação civil grega, o que sugeriria que algo repentino ocorreu. O voo MS804 levava 56 passageiros, incluindo uma criança e dois bebês, sete tripulantes e três agentes de segurança.
Segundo a EgyptAir, viajavam na aeronave 30 egípcios, 15 franceses, dois iraquianos, um britânico, um canadense, um belga, um português, um argelino, um sudanês, um chadiano, um saudita e um kuwaitiano. O ministério canadense das Relações Exteriores, no entanto, informou que havia dois cidadãos do país a bordo.
O avião decolou do aeroporto parisiense de Roissy-Charles de Gaulle pouco depois das 23h locais (18h de Brasília) e deveria ter pousado no Cairo às 03h05min (22h05min de Brasília). A aeronave teria caído em frente à costa da ilha de Kárpatos, situada entre Creta e Rodes, quando se encontrava no espaço aéreo egípcio.
Depois de cair violentamente dando dois giros, o avião desapareceu dos radares por volta das 00h30min GMT (03h30min locais, 21h30min de Brasília). Antes de cair no mar, o piloto não apontou nenhum problema aos controladores de tráfego aéreo gregos em sua última conversa. Inclusive estava "de bom humor e agradeceu aos seus interlocutores em grego", segundo seu chefe, Constantin Litzerakos.
As forças armadas egípcias afirmaram que a tripulação não enviou nenhuma "mensagem de emergência". O Airbus caiu a 130 milhas náuticas da ilha de Kárpatos, quando acabava de entrar no espaço aéreo egípcio, segundo as autoridades gregas.
Novo teste para o Egito
Este desaparecimento ocorre em um contexto difícil no Egito, que enfrenta múltiplos desafios econômicos e de segurança. O atentado contra um avião de turistas russos em 31 de outubro, que voava do balneário de Sharm el-Sheikh a Moscou, deixando 224 mortos, contribuiu para a queda do turismo, um setor chave da economia do país.
Este ataque foi reivindicado pelo braço egípcio do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), que multiplica neste país os atentados e ataques, principalmente contra as forças de segurança.
No dia 29 de março um voo da EgyptAir que ia de Alexandria ao Cairo foi sequestrado e desviado ao Chipre por um homem "psicologicamente instável" que dizia querer voltar com sua ex-mulher. O sequestrador se entregou depois de seis horas de negociações sem provocar vítimas.