As últimas comunicações entre os pilotos do voo MH370 da Malaysia Airlines, desaparecido em 8 de março, e o controle aéreo não revelam nada anormal, anunciaram nesta terça-feira as autoridades malaias, enquanto as buscas pelos destroços e caixas-pretas da aeronave prosseguem no Oceano Índico.
Um navio da Marinha australiana, o Ocean Shield, deixou Perth (oeste da Austrália) segunda-feira à noite transportando uma sonda de 35 quilos (Towed Pinger Locator) capaz de captar as emissões acústicas das caixas-pretas da aeronave.
O navio deve levar três dias para chegar à região onde poderiam estar os destroços do avião, faltando poucos dias para a expiração da duração (30 dias) das emissões de sinais das caixas-pretas do Boeing 777 da Malaysia Airlines, que desapareceu com 239 pessoas a bordo.
- Nos resta cerca de uma semana, mas a duração da bateria (das caixas-pretas) depende da temperatura da água, da profundidade e da pressão - ressaltou o ministro australiano da Defesa, David Johnston.
As buscas se estendem sobre uma ampla região do Índico meridional, de 329 mil km2, o equivalente à superfície da Noruega. No entanto, para que o localizador americano possa detectar possíveis sinais, deve ser rebocado a 5km/h.
O caso tem provocado comparações com o voo 447 da Air France, que desapareceu sobre o Atlântico em junho de 2009.
Na ocasião, os investigadores sabiam para onde olhar e peças do dispositivo foram encontrados cinco dias após o acidente. Mas foram necessários 23 meses para encontrar as caixas-pretas e saber mais sobre a tragédia que custou a vida de 228 pessoas.
No caso do voo MH370, nenhum dos objetos flutuantes detectados por satélites ou recuperados até o momento faziam parte da aeronave.
Nada de anormal no cockpit
O ex-chefe da Aeronáutica da Austrália, que coordena os trabalhos de busca a partir de Perth, também se mostrou prudente quanto as chances de solucionar o caso.
- O ponto de partida de uma operação de busca e de socorro é a última posição do veículo ou da aeronave. Neste caso em particular, a última posição conhecida é distante, muito distante do local onde a aeronave aparentemente desapareceu - indicou Angus Houston.
No dia 8 de março, o Boeing 777 saiu da rota prevista uma hora depois de decolar, às 00h41 (13h41 de sexta-feira no horário de Brasília) de Kuala Lumpur com destino a Pequim e prosseguiu com o voo por milhares de quilômetros em direção ao sul, antes de cair no mar, provavelmente por falta de combustível.
A Malásia anunciou oficialmente em 25 de março que o voo MH370 havia "caído no sul do oceano Índico", sem que nenhum objeto tenha sido recuperado para confirmar a informação.
A região de busca foi modificada no final de semana, após novos cálculos sobre a trajetória do avião.
Além disso, a análise das últimas comunicações entre os pilotos do voo MH370 e o controle aéreo não revelam nada anormal, segundo o ministro malaio dos Transportes, Hishammuddin Hussein.
Publicadas integralmente pela primeira vez nesta terça-feira, as 43 comunicações feitas ao longo de 54 minutos, repletas de detalhes sobre o tráfego aéreo, não revelaram nenhum elemento que aponte algum problema na aeronave.
A transcrição conclui com uma comunicação do controle aéreo da Malásia, que deseja 'boa noite' aos pilotos do MH370 e pede que entrem em contato com os controladores do Vietnã, cujo espaço aéreo deveriam sobrevoar.
A última comunicação dos pilotos aconteceu às 1H19 (hora local), na qual um deles afirma: "Boa noite, Malaysian três, sete, zero".
Até o momento, as autoridades e a companhia haviam informado que a última mensagem dos pilotos havia sido: "Tudo bem, boa noite".
A frase, muito informal, alimentou a especulação de que um dos pilotos, o capitão Zaharie Ahmad Shah, de 53 anos, ou o oficial Fariq Abdul Hamid, de 27, desviou a aeronave.
O governo da Malásia foi muito pressionado para esclarecer este ponto e finalmente corrigiu a informação, com a publicação completa da transcrição das comunicações.