Um belga de 95 anos considerado "o atleta mais velho" do país morreu nesta terça-feira por eutanásia depois de ter "celebrado" sua morte com dezenas de amigos e parentes, e uma taça de champanhe na mão.
A imprensa local deu grande destaque à decisão de Emiel Pauwels, que faz parte de uma nova tendência de "celebração" da própria morte.
O nonagenário havia dito na segunda-feira que "não tinha medo da morte".
Pauwels esteve na edição do Mundial de Atletismo Master que foi disputado em Porto Alegre, em outubro. Foi no Brasil que começou a sentir alguns sintomas da doença. À imprensa belga, disse que não conseguiu se alimentar bem durante a competição em que, mesmo assim, disputou seis provas (100 m, 200 m, 400 m, 800 m, salto em altura e lançamento do dardo).
Nas fotos divulgadas pela imprensa belga nesta terça, ele aparece sorridente, prestes a brindar com os parentes, amigos e integrantes de seu clube de atletismo, todos reunidos em sua casa.
- Foi a mais bela festa da minha vida - declarou.
- Quem não gostaria de morrer com champanhe na companhia de todos? Quando o doutor chegar com sua injeção, deixarei este mundo com a sensação de ter vivido bem - acrescentou, segundo a revista Het Laatste Nieuws.
- Porque eu choraria, já que vou encontrar vários amigos e parentes no paraíso, incluindo a minha esposa?
Emiel Pauwels recebeu a injeção letal em sua residência em Bruges, com o filho Eddy ao seu lado.
Morrer assim "era a vontade do meu pai, mas é difícil pensar que é a última vez que estamos juntos", disse ele na segunda-feira.
Emiel Pauwels estava de cama havia meses por causa de um câncer de estômago fase terminal.
O estado de saúde do atleta tinha piorado depois de sua "última conquista": o título europeu veterano da prova de 60 metros no campeonato de atletismo indoor organizado em março de 2013.
Sua morte lembra a do químico belga Christian de Duve, Prêmio Nobel de Medicina em 1974, que escolheu a eutanásia em maio de 2013, aos 95 anos. Ele explicou sua decisão ao jornal Le Soir: "Seria muito dizer que não tenho medo da morte, mas não tenho medo do que vem depois porque não acredito" na vida depois da morte.
Em outubro, Nathan, um belga de 44 anos, também optou por compartilhar com os amigos uma última refeição, algumas horas antes de morrer por eutanásia. Uma equipe de televisão estava presente.
A Bélgica é um dos poucos países a ter legalizado a eutanásia, sob certas condições, desde 2002. O Senado decidiu recentemente estender essa opção aos menores de idade com doenças incuráveis, mas o texto ainda não foi aprovado pelos deputados.