O presidente sírio, Bashar al-Assad, afirmou que seu regime não cederá às pressões, no conflito entre suas tropas e os rebeldes, marcado nesta segunda-feira por um inédito atentado em uma cidade turca fronteiriça.
- A Síria continuará sendo o coração vivo do mundo árabe e não renunciará a seus princípios, mesmo se estiver submetida a pressões cada vez maiores ou se for objeto de variados complôs - afirmou o presidente diante de uma delegação jordaniana, segundo a agência oficial Sana.
O presidente fez essas declarações enquanto o chefe da coalizão opositora síria, Ahmed Moaz al Khatib, reivindica uma resposta clara de Damasco a sua proposta de diálogo e enquanto os rebeldes obtinham uma importante vitória ao tomar o controle da represa do Eufrates, a maior da Síria. Na fronteira com a Turquia, país que apoia a rebelião, pelo menos 10 pessoas morreram e 30 ficaram feridas com a explosão de um carro bomba, segundo Ancara.
A explosão provocada por um veículo com matrícula síria ocorreu na área que separa o território turco do posto fronteiriço sírio de Bab al Hawa, controlado pelos rebeldes. Trata-se do incidente mais grave na fronteira entre ambos os países, antes isolados, desde a queda, em outubro, de um morteiro do exército sírio em uma cidade turca, que matou cinco civis. Por outro lado, no norte da Síria, a represa estratégica do Eufrates, que irriga milhares de hectares, foi tomada por rebeldes islamitas, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH). Trata-se da "maior perda econômica para o regime desde o começo da revolta", segundo a organização, que conta com uma ampla rede de militantes e fontes médicas civis e militares em todo o país.
Conflito deixou mais de 60 mil mortos
Com a esperança de pôr fim a um conflito que, em quase dois anos, deixou mais de 60 mil mortos, segundo dados da ONU, o líder opositor Ahmed Moaz al Khatib manteve nesta segunda-feira sua oferta de diálogo com condições e lamentou não ter no momento "nenhuma resposta clara" do governo de Damasco.
- Até agora não houve nenhum contato oficial com nenhuma parte - declarou à imprensa no Cairo. - Dirijo uma última mensagem ao regime para que tente compreender o sofrimento do povo sírio, porque a revolução continuará e não será detida jamais.
Apesar das críticas de outros opositores, Khatib disse que está disposto a ter conversas diretas com representantes do regime sobre a saída do presidente Assad. A oferta de diálogo de Khatib recebeu o aval dos Estados Unidos, da Liga Árabe e, sobretudo, dos grandes aliados da Síria, Rússia e Irã. Enquanto isso, o exército continuou bombardeando as áreas rebeldes, em particular as situadas próximas a Damasco. Em um tipo de atentado cada vez mais comum, 14 membros dos serviços sírios de inteligência morreram nesta segunda-feira em um duplo ataque suicida com carros-bomba no nordeste do país, segundo o OSDH. A maioria desses atentados foi reivindicada pelos jihadistas da Frente Al Nusra, considerado por Washington como "uma organização terrorista".