Faltando 12 dias para a eleição do 45º presidente dos Estados Unidos ou a reeleição do 44º, já é possível dizer o que a disputa entre Barack Obama e Mitt Romney não foi. Em primeiro lugar, não foi uma oportunidade para a discussão do tipo de país em que os americanos desejam criar seus filhos. Há quatro anos, quando Obama lançou o slogan "Esperança" como carro-chefe de sua campanha, muitos falaram que os Estados Unidos estavam reencontrando o próprio sonho. Filho de um queniano de origem muçulmana e uma americana, ex-ativista comunitário, adversário da guerra no Iraque, Obama não precisava dizer que encarnava um projeto diferente de nação. Seu nome, sua cor e sua juventude falavam por ele.
Nome, voz e cor ainda falam por Obama. Mas nem ele nem Romney são capazes de despertar adesões apaixonadas. Por inércia, a campanha mergulhou mais uma vez no confronto entre Estados azuis (democratas) e Estados vermelhos (republicanos), que Obama tinha jurado sepultar na convenção democrata de 2004.
Em segundo lugar, a atual corrida presidencial não foi a reafirmação dos grandes valores associados aos Estados Unidos. Temas como aborto e imigração tratados pelo viés do preconceito e até mesmo antigas lendas sobre o local de nascimento de Obama ressurgiram com força nesta fase final. Em vez de desafiar o presidente a se inspirar em Franklin D. Roosevelt e apresentar um plano de obras e empregos à nação, o milionário Donald Trump conclama-o a apresentar seu passaporte. É difícil que qualquer um dos candidatos possa ou mesmo queira reverter esse rumo até 6 de novembro.