O primeiro entrave nas negociações de paz entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) é mulher, tem rosto de feições simétricas, sorriso franco e nacionalidade holandesa. Especula-se que a inclusão à mesa de negociações de Tanja Nijmeijer, há 10 dos seus 34 anos incorporada às Farc, é motivo de desconforto no governo, que discordaria da presença de negociadores que não sejam colombianos.
Não é esse, porém, o único problema em relação a Tanja, que participará das negociações como tradutora. Em dezembro de 2007, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos informou que um júri federal de investigação em Washington havia acusado a holandesa e outros 17 guerrilheiros pela participação no sequestro de três americanos em 2003.
Também em 2007, depois de um bombardeio a um dos acampamentos da guerrilha, um dos diários da holandesa foi encontrado. Nele, ela fazia críticas aos privilégios dos comandantes e dizia estar "cansada" das Farc. Após a divulgação do diário, ela foi castigada e passou a cuidar da guarda pessoal de Víctor Julio Suárez, o "Mono Jojoy", morto em setembro de 2010. A holandesa de 34 anos, que atende pelos apelidos de Eillen e Alexandra, chegou à Colômbia em 1998 para ensinar inglês em Pereira, no leste do país. Estudante de filologia espanhola na Universidade de Groningen, visitou em 2000 a região de Caguán, desmilitarizada para negociações, que fracassariam mais tarde. Alguns anos depois, passou a fazer parte da milícia urbana das Farc e se tornou guerrilheira em 2002.
Em várias ocasiões, a família de Tanja viajou à Colômbia para tentar fazer com que ela deixasse a guerrilha. Em um vídeo divulgado pela Radio Netherlands em novembro do ano passado, a holandesa disse:
- Sou uma guerrilheira das Farc e seguirei sendo guerrilheira até vencer ou até morrer. Não há como voltar atrás nisso. Tenho orgulho de ser guerrilheira.
Sentada à mesa da esperança
Quem é a holandesa que participa do processo de paz entre o governo da Colômbia e as Farc
Tanja Nijmeijer, que está há 10 dos seus 34 anos incorporada às Farc, não é bem aceita pelo governo, que discordaria da presença de negociadores que não sejam colombianos
GZH faz parte do The Trust Project