Uma disputa encarniçada se desenha de forma cada vez mais nítida para as eleições presidenciais da Venezuela, no dia 7. De um lado, o presidente Hugo Chávez faz conjecturas a respeito de guerra civil se o adversário vencer. De outro, o opositor Henrique Capriles reforça a imagem de juventude e galhardia em contraponto velado à de um Chávez doente.
Chavistas e oposicionistas se enfrentaram com pedras em Puerto Cabello, no dia 12. Houve feridos. Capriles seguiu de barco um percurso que faria de avião caso a passagem não estivesse obstruída. E dois episódios são sugestivos do quanto a verve dos candidatos corrobora tanta exaltação: Chávez convidou os "ricaços" a votar nele, para evitar a "guerra civil". Capriles reuniu mulheres em um "Pantaletazo" - mistura de "pantaleta" (calcinha, no espanhol venezuelano) com panelaço.
Pelas ruas, circulam informações de que a desestabilização do país viria empacotada em um programa econômico do adversário. Armando Briquet, coordenador da campanha de Capriles, nega que haja qualquer pacote em gestação. Atribui ao "medo" de Chávez os tais "boatos". Sobre a campanha de Capriles, Briquet diz que a ideia é apelar para os sentimentos das pessoas. O foco são as mulheres e as classes mais desfavorecidas - o público preferencial do presidente.
Candidato convocou espécie de "panelaço" das calcinhas
No "Pantaletazo", Capriles, 40 anos e solteiro (Chávez tem 58), ouviu clamores por mais creches pelo país. Para vitaminar o "sex appeal" e se contrapor ao adversário, diz que está "em busca da primeira-dama". A frase provoca suspiros nas apoiadoras e indignação no presidente. Chávez chegou a dizer que "o capitalismo sempre usou as mulheres como objeto sexual". E que o adversário abusa dessa estratégia.
Um dos instrumentos utilizados para favorecer a imagem, especialmente por parte de Chávez, são as pesquisas.
- O presidente tenta criar pelas pesquisas um clima de invencibilidade, que compense sua saúde debilitada - diz o sociólogo Alfredo Keller, que vê Chávez na defensiva, enquanto Capriles cria um imaginário "erótico", que o apresente como jovem e viril.
leo.gerchmann@zerohora.com.br
CAMPANHA TENSA
O sex appeal de Capriles contra a força de Chávez
Em uma disputa cada vez mais apertada, adversários na Venezuela fazem discursos apelativos
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