A enchente do Arroio Feijó, que atinge Alvorada há 17 dias, segue alterando a rotina dos moradores da região. No bairro Americana, um dos mais afetados, reside o protetor José Damião dos Santos, 56 anos, que administrativa um canil até a água tomar conta. Desde o último dia 11, a cheia invadiu parte da Avenida Beira Rio e inundou o terreno. A solução que o protetor encontrou foi levar os 158 cães e quatro gatos para a sua casa.
— Quando a água começou a subir, eu os trouxe para a minha casa dentro de caixas de isopor. A maior dificuldade é não conseguir sair daqui para levar eles ao veterinário. Eu estou com vários doentes, mas com a enchente não consigo tirar eles daqui — conta.
Santos, que resgata animais há 26 anos, divide a residência com os cães e os gatos durante a noite. A esposa, Carla Maria Toin, 49 anos, e o filho, Estevam Tonin dos Santos, nove, passam a noite na casa de parentes. Todas as manhãs, o protetor precisa buscá-los para auxiliarem nas demandas dos animais.
— Eu trabalho como faxineira, mas não estou conseguindo trabalhar porque preciso vir para cá ajudar ele. Meu marido sai para buscar ração, remédios para os cachorros, e eu e meu filho ficamos aqui cuidando deles, levando água ou separando eles quando brigam. O meu medo é minhas patroas me dispensarem — aponta Márcia.
As brigas entre os animais não são raras. GZH esteve no local na tarde desta sexta-feira (29), e os tutores precisaram se deslocar da parte seca do terreno até a casa, pelas águas, para acalmar os cachorros.
A falta de auxílio nos cuidados dos animais também é um desafio. O protetor conta que consegue atender as necessidades dos cães por meio de doações que partem de usuários das redes sociais.
Procurada por GZH, a prefeitura de Alvorada informou que encaminhará a questão para a vigilância sanitária do município.
Arroio Feijó segue estável
A enchente do Arroio Feijó já dura 17 dias. Apesar da sexta-feira de sol no município, o nível do arroio baixou somente dois milímetros, segundo a prefeitura.
Mais de mil residências foram atingidas na cidade. A última atualização da prefeitura contabiliza 226 moradores fora de suas casas — 214 estão na casa de parentes e 12 no Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) Cedro.
Os bairros atingidos estão sem energia elétrica há 17 dias. De acordo com a CEEE equatorial, são 312 residência sem luz.
* Produção: Maria Stolting