Atual patrona dos Festejos Farroupilhas, primeira mulher negra a ocupar o cargo, Liliana Cardoso Duarte, 44 anos, é direta ao definir como o caminho é conquistado no Rio Grande do Sul:
— Estamos abrindo espaço a foice e a machado. Com muitas mulheres precursoras, que deixaram na sua estrada, no seu legado, essa luta por igualdade através da cultura, da arte e da musicalidade.
A patrona espera um 2022 diferente, com a volta dos eventos presenciais, graças ao avanço da imunização contra o coronavírus. Nomeada em 2021, ela segue no papel, com expectativa pelo Acampamento Farroupilha.
Declamadora, radialista, mestre de cerimônias e apresentadora, a nativista falou sobre a busca por igualdade em entrevista à Rádio Gaúcha, neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Citou Berenice Azambuja e Mary Terezinha, vítimas de machismo nas décadas em que estiveram à frente dos microfones.
— Esse machismo ainda existe. As leis, por vezes são morosas, silenciam um pouco a desigualdade, o machismo e a própria violência — complementa.
Liliana é a declamadora mais premiada do Estado. Durante a conversa, no programa Gaúcha Hoje, apresentou a estrofe de um poema em homenagem à Anita Garibaldi (também lançado neste 8 de março). A poesia Um Sonho para Anita é de Osmar Ransolin:
“Em cada mulher sofrida, que enfrenta a violência, que reage ao abuso e não teme o agressor, há uma Anita viva. Que renasce a cada dia, nos caminhos desta vida, de quem vive pelo amor. Pelos caminhos esquecidos que o Rio Grande ressuscita, também já andou Anita.”
A performance pode ser encontrada pelo perfil do Instagram.
Ao elencar momentos em que foi desacreditada, pelo gênero, histórico familiar ou pela cor de sua pele, a artista remontou seus ancestrais: a população escravizada.
— Hoje não é apenas uma comemoração, mas sim um dia de luta pela igualdade, pela humanidade, pela liberdade de todas as mulheres, muito em especial às mulheres negras, que foram escravizadas, e que perderam sua dignidade — afirma.