Um repórter da Rede Clube, emissora afiliada à Rede Globo no Piauí, foi atacado por um gavião enquanto participava de um programa ao vivo na quinta-feira (13). Apesar do ocorrido, o jornalista Tiago Mendes não teve ferimentos.
Ao portal g1, ele contou que o impacto do peso do animal sobre sua cabeça foi o que mais o assustou. Segundo Tiago, o gavião tem um ninho no campus da Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar), de onde o repórter participava do programa. Há pelo menos dois meses, o animal tem atacado pessoas que se aproximam da árvore onde o ninho se encontra.
Com a repercussão do caso, Tiago foi apelidado de "repórter gavião" por moradores de Parnaíba.
Tentativa de proteção
O comportamento do gavião foi confirmado pela veterinária Noely Martin, especializada em animais silvestres e exóticos. Segundo ela, a ave é da espécie carijó (Rupornis magnirostris), e uma característica dessa raça é a agressividade para proteger seu ninho. Ela explicou, ainda, que os últimos e os primeiros meses do ano são os mais propícios para a reprodução dessas aves.
— Essa época é propícia para a reprodução das aves, por conta do clima mais ameno. Geralmente, gaviões carijós costumam viver em casais e, quando eles têm um ninho, o macho sai para procurar alimento para a fêmea. Esse hábito de atacar é natural se tiver um ninho por perto — afirmou ao g1.
A árvore a que o repórter se referiu fica próxima ao local onde a Secretaria Municipal de Saúde montou uma estrutura para vacinar a população contra a covid-19. Coordenador de imunização de Parnaíba, Francisco Charles Lima relatou que alguns moradores da região que já conhecem o animal chegaram a ir se vacinar utilizando capacete de motociclista.
Embora atento sobre o perigo, Lima já foi atacado duas vezes. Segundo ele, o gavião tem uma companheira e um ninho no campus há alguns anos e, nos últimos seis meses, funcionários da universidade já estavam atentos aos ataques por causa da temporada de reprodução.
Precaução
De acordo com o professor do curso de Biologia da UFDPar Anderson Guzzi, mestre e doutor em Zoologia, o gavião carijó não ataca as pessoas com a intenção de ferir.
— Esses ataques não vão chegar a provocar um ferimento grave nas pessoas. Eles só chegam na rasante, fazendo barulho. É mais como se fosse um alerta, um aviso — esclareceu ao portal.
O especialista explicou que a espécie se alimenta principalmente de aves menores, como pombos, de ratos e morcegos — animais que costumam proliferar doenças. Assim, a preservação dos carijós é fundamental para o equilíbrio do ecossistema.
No caso da universidade, Guzzi pontuou que seria aconselhável sinalizar e isolar a área quando os ataques começam a ocorrer.