A Polícia Civil e o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) estão investigando um cirurgião plástico suspeito de deformar o nariz de cerca de 30 pacientes. O médico é Alan Landecker, especialista em rinoplastia que atuava nos hospitais Sírio Libanês, Albert Einstein e Vila Nova Star, além de uma clínica própria. Nesta quinta, conforme o G1, o profissional foi afastado dos hospitais. Em nota, a defesa do cirurgião negou as acusações
Com passagens pelas universidades de São Paulo e do Texas, além da clínica do renomado cirurgião plástico Ivo Pitanguy, Landecker é alvo de denúncia de ex-pacientes. Eles reclamam de lesões no nariz, deformação e problemas como perda de olfato, paladar e audição. Os problemas teriam sido provocados por uma infecção semelhante, desenvolvida após a rinoplastia feita com o médico. O caso foi divulgado pela Folha de S.Paulo na quarta-feira (3).
Nas redes sociais e a veículos de imprensa, ex-pacientes desabafaram sobre os problemas supostamente causados pelas cirurgias. Sarah Cardoso, digital influencer que passou pelo procedimento com o cirurgião Alan Landecker, relatou sentir dores e precisar usar um alargador nasal para conseguir respirar.
— Acabei de colocar isso aqui e é horrível. Nossa, dói demais o nariz, demais. É desesperador — desabafou ela em um vídeo após colocar o alargador utilizado.
Outro paciente, o empresário Veraldino de Freitas Júnior, 35 anos, afirma ter pago cerca de R$ 50 mil pelo procedimento de rinoplastia, realizado em setembro do ano passado. Mais de um ano após a cirurgia, conforme relatou ao G1, ele permanece com uma ferida aberta e tratando uma infecção grave.
— No pós-operatório, meu nariz não desinchou, com o passar dos dias começou a feder, com as pessoas do meu convívio percebendo o odor insuportável, até que no 15º dia abriu uma ferida — contou ele ao portal, revelando já ter gasto cerca de R$ 300 mil na tentativa de corrigir o problema.
Alan Landecker se manifestou sobre as denúncias por meio de seus advogados. Em nota enviada ao G1, assinada pelos representantes Daniel Bialski e Fernando Lottenberg, a defesa do cirurgião negou a veracidade das acusações e justificou que os pacientes "não seguiram o tratamento proposto ou abandonaram os cuidados e orientações que vinham sendo prestados no tratamento da infecção". O caso segue sob investigação das autoridades.
Confira a nota da defesa do cirurgião:
Não são verdadeiras as acusações feitas por alguns ex-pacientes do Dr. Alan Landecker, que não seguiram o tratamento proposto ou abandonaram os cuidados e orientações que vinham sendo prestados no tratamento da infecção. Não pode, portanto, ser atribuída responsabilidade ao Dr. Alan por decisões unilaterais tomadas por esses ex-pacientes, que agora buscam reparação financeira.
Há imagens que comprovam o bom resultado dos procedimentos. As complicações relatadas foram posteriores e podem ter sido consequência de não se seguir as orientações médicas. Todas elas seriam reversíveis, caso os ex-pacientes se dispusessem a cumprir os protocolos.
Além disso, a grande maioria das infecções manifestou-se muito tempo após as rinoplastias — mais de 30 (trinta) dias— demonstrando que podem não estar relacionadas aos procedimentos cirúrgicos.
Todos os pacientes são orientados sobre riscos e cuidados, assinando um termo de ciência e sendo acompanhados por até três anos. As tentativas de difamar um profissional com 20 anos de carreira e mais de 4 mil cirurgias bem-sucedidas receberão a resposta adequada.
Quanto aos hospitais que decidiram suspender sua atuação profissional, entendemos que essa atitude é unilateral e precipitada, baseando-se apenas em matérias jornalísticas. A lisura das ações do Dr. Alan Landecker está sendo comprovada nos órgãos responsáveis pela apuração dos fatos.