OLINDA, PE (FOLHAPRESS) - O Carnaval olindense não seria o que é sem os seus gigantes. Tradição da folia local que tem como seu principal chamariz o Homem da Meia-Noite e seus mistérios os organizadores do bloco só se referem ao "Hômi" como "calunga", uma herança das religiões de matriz africana, os bonecos de Olinda têm sua apoteose na manhã desta terça-feira (25), no Largo de Guadalupe, no Sítio Histórico da cidade.
O primeiro boneco gigante foi confeccionado em 1919, justamente o do folclórico personagem Zé Pereira. Em 1932, o Homem da Meia-Noite ganhou vida. Cinco anos depois foi a vez da Mulher do Dia.
De lá pra cá, centenas de personagens foram transformados em boneco: Pelé, David Bowie, Luiz Gonzaga, Neymar, Chico Science, Michel Temer (cuja saída foi cancelada por causa da ameaça de protestos) e o presidente Jair Bolsonaro, alvo de vaias e latas no desfile do ano passado.
À tarde, uma escolha difícil para quem quiser curtir Olinda. Às 16h, desfilará uma das maiores explosões do Carnaval popular da cidade. Criado em 1962, o Ceroula de Olinda arrasta multidões por onde passa, com seu hino que cita a corrida espacial nos anos 60 e até os astronautas que foram à Lua. A concentração ocorre no Colégio São Bento, no Varadouro.
Às 17h, com local ainda ser definido, sai o Eu Acho É Pouco. Criado em 1977 por militantes contra a ditadura militar, é um dos blocos mais politizados do Carnaval de Pernambuco. A camisa deste ano foi baseada em uma arte da cartunista Laerte Coutinho.
Famoso também pela alegoria em forma de dragão que abriga os foliões durante seu desfile, o Eu Acho é Pouco, eternizado por uma canção de Alceu Valença, vai colorir de vermelho e amarelo as ladeiras por onde passar.