SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) - Interditadas desde a madrugada desta terça-feira (22) após a chegada de grandes manchas de óleo, as praias Morro de São Paulo, Garapuá e Boipeba, no município de Cairu (a 176 km de Salvador) foram liberadas ao público durante a tarde.
Por volta das 2h, quando as manchas começaram a chegar na costa, servidores da prefeitura de Cairu e voluntários iniciaram o trabalho de recolhimento do óleo nas quatro praias atingidas: Segunda e Terceira praias (Morro de São Paulo), Cueira (Boipeba) e Ponta do Quadro (Garapuá).
Ao todo, 1,5 tonelada de óleo foi recolhida nas quatro praias até as 13h, quando o acesso foi liberado aos turistas.
Mesmo com a permissão de acesso à faixa de areia, a prefeitura de Cairu afirma ainda não ser possível assegurar a balneabilidade das quatro praias. Análises da qualidade da água serão feitas pelo Inema, órgão ambiental do governo da Bahia.
Arquipélago formado por 26 ilhas, Cairu é considerado sensível do ponto de vista ambiental por abrigar a Área de Proteção Ambiental das Ilhas de Tinharé e Boipeba.
Com forte apelo turístico, Morro de São Paulo é o terceiro destino mais procurado da Bahia, perdendo apenas para Salvador e Porto Seguro. Com cerca de 10 mil habitantes, a vila chega a receber 400 mil turistas entre novembro e março.
Em nota, a prefeitura de Cairu informou que seguiu estratégias do plano de emergência ambiental, obedecendo às recomendações do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
Os materiais necessários para limpeza e os equipamentos de proteção dos envolvidos no processo também foram adquiridos antecipadamente e foram distribuídos a servidores e voluntários, informou a prefeitura.
Este é o primeiro registro de óleo em maior quantidade em praias ao sul de Salvador. No fim de semana, as manchas foram identificadas em Itacaré e Ilhéus, no sul da Bahia, mas em quantidades menores.
Equipes do Grupo de Avaliação e Acompanhamento, formado por Marinha do Brasil, além de órgãos ambientais federais e estaduais, chegam ao município de Cairu nesta terça para mensurar os danos.
Nas últimas duas semanas, o óleo voltou a chegar às praias com mais força na Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco.
Em Pernambuco, a praia de Carneiros amanheceu coberta de óleo na sexta (18). Porto de Galinhas foi atingida pelas manchas no sábado (19).
Na quinta (17), o material chegou à praia e à área de proteção ambiental de Maragogi, no litoral norte de Alagoas.
PESCADORES OCUPAM A SEDE BAIANA DO IBAMA EM SALVADOR
Um grupo de cerca de 300 pescadores ocuparam a sede do Ibama na Bahia, em Salvador, na manhã desta terça (22).
Os manifestantes, que incluem pescadores e marisqueiros, criticam a atuação do governo federal na contenção do óleo que tem chegado a praias do litoral dos nove estados nordestinos desde 30 de agosto.
"É uma situação gravíssima e o que vemos é um completo descaso. O governo federal tem atuado somente de maneira paliativa no combate ao óleo, fazendo a limpeza das praias", afirma Maria José Pacheco, do Conselho Pastoral dos Pescadores.
Ela ainda destaca que a chegada o óleo tem limitado a atuação dos pescadores, já que a orientação é não pescar ou catar mariscos nas áreas atingidas pelo óleo.
Reportagem da Folha de S.Paulo publicada no domingo (20) aponta que nas 77 cidades atingidas até então pelo óleo, nos nove estados do Nordeste, há 144 mil pescadores e marisqueiros, segundo cadastro do Ministério da Agricultura, que podem ter o trabalho afetado pelo desastre ambiental.
O grupo divulgou uma carta aberta, assinada por 37 entidades, organizações não governamentais e grupos de pesquisa de universidades, em que critica a falta de informações sobre a origem do óleo e ações para combatê-lo.
Até o momento, 201 locais já foram atingidos pelas manchas de óleo.