Reportagem da Folha de S.Paulo aponta que a Igreja Universal do Reino de Deus responde a ações na Justiça movidas por ex-pastores que alegam ter sido pressionados a se submeter a esterilização. Os processos tramitam na Justiça do Trabalho, na qual a instituição religiosa já foi condenada em diferentes casos, de acordo com o jornal.
Os ex-membros afirmam que sofreram pressão da Universal para fazerem vasectomia. O procedimento garantiria ascensão dentro da igreja, já que por não terem filhos os pastores teriam mais disponibilidade para atender pedidos de mudança de cidade, por exemplo. A instituição custeia a família dos religiosos.
A reportagem cita um caso como o mais recente, julgado em São Paulo, em 7 de maio. A Universal foi condenada na ação a indenizar um ex-pastor em R$ 115 mil por danos morais e materiais. Ele teria atuado na instituição por 16 anos, no Brasil e em Honduras. A desembargadora Silvana Ariano afirma na decisão que há a confirmação da "prática de imposição de vasectomia". Para a magistrada, a imposição "se constitui em grave violação ao direito do trabalhador ao livre controle sobre seu corpo".
Autor da ação que resultou em condenação, Clarindo de Oliveira contou ao jornal que se tornou pastor aos 18 anos e que teria sido pressionado a realizar a vasectomia um ano depois, recém-casado. Ele disse ainda que teria sido orientado a não informar a família sobre o procedimento.
— A intenção, eu percebi depois, era impedir que o pastor fique preso em uma cidade por filhos, além de evitar ter despesas a mais com a família — disse.
A reportagem apurou casos de ações trabalhistas movidas em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Ceará e Goiás. Ainda segundo a Folha de S.Paulo a igreja nega a prática de impor a realização de vasectomia aos pastores. A Universal argumenta que estimula o planejamento familiar dos casais. A instituição alegou em nota que "a acusação de imposição de vasectomia é facilmente desmentida pelo fato de que muitos bispos e pastores [...], em todos os níveis de hierarquia da igreja, têm filhos". A Universal afirmou também que as condenações são exceção nos processos.