No Sul de Santa Catarina, amigos e familiares que conviveram com os três irmãos mortos em Porto Rico essa semana ainda não encontram respostas para a tragédia. As crianças de cinco, sete e nove anos foram mortas pelo pai, de acordo com a polícia, e em seguida o homem se suicidou. Erick R. Seguinot Ramírez, 50 anos, era descrito como reservado pelos conhecidos, mas também como uma pessoa educada e dedicada aos filhos.
A aposentada Vanilda Bortolon, que conviveu com a família durante sete meses enquanto eles moravam em Morro da Fumaça, diz que o homem era uma boa pessoa. Ela não lembra de ter presenciado nenhuma briga do casal, tampouco reclamações da esposa Marlene Martins da Rocha, 33, ou dos filhos, em relação a Erick. O homem trabalhava com exportação e eles chegaram a abrir uma fábrica de gelatina na cidade, antes de se mudarem para Porto Rico.
– Eu fiquei muito chocada porque eu não imaginava, do jeito que era a convivência, do jeito que viviam, foi chocante mesmo. A família era o bem maior para ele, tinha muito carinho e atenção com as crianças, cuidava muito bem, eles viviam bem – relembra.
A decisão de mudar de país, segundo Vanilda, foi tomada em conjunto pelo casal depois da morte do pai de Erick. Marlene disse a ela na ocasião que estava feliz e iria acompanhar o marido, pois teria mais tempo para se dedicar aos filhos e eles teriam mais oportunidades de estudo e formação. Em julho desse ano, no aniversário de Marlene, as duas se falaram pelo WhatsApp. A mãe das crianças disse que os filhos estavam felizes e adaptado e que Erick viajava muito a trabalho.
– Ele era calmo, uma pessoa muito educada, muito certa, não apresentava nada. Eles frequentavam a nossa casa, ele era uma ótima pessoa, tratava a gente como se fosse da família – relata.
Família não tinha muito convívio na comunidade, diz morador
Outra pessoa que conviveu por pelo menos um ano e meio com a família de Erick e Marlene foi o cabeleireiro Fernando Armendaris. Ele mora em Morro da Fumaça há oito anos e cortava o cabelo de Erick e do filho mais velho do casal. A família era de pouco convívio social e contato com os vizinhos, mas sempre educada e cordial.
– Eles eram uma família bem reservada, a gente não notava que eles tinham muito convívio na cidade – relata Armendaris.
Em uma oportunidade, o cabeleireiro chegou a auxiliar o menino que havia ficado sozinho em casa, quando os pais saíram com as duas meninas menores. Assim que a família retornou, Marlene levou o pequeno para agradecer a companhia do cabeleireiro, mas disse que era comum ele ficar sozinho e que isso fazia parte da cultura da criação do pai, que era norte-americano.
– Foi uma coisa normal, não foi nada que tivesse para a gente dizer que foi de maus cuidados, maus-tratos, nunca se ouviu um grito sequer naquela casa. Ela era mais espontânea, mas ele sempre fechado, não era de muita conversa – resume.
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