A negociação das rescisões de 180 trabalhadores da Guerra foi parar na Justiça. O Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul ingressou com uma ação no Tribunal Regional do Trabalho para que as verbas trabalhistas das demissões sejam pagas de uma só vez no prazo legal ou que os funcionários sejam readmitidos. O jurídico da fabricante de implementos rodoviários foi comunicado pelo tribunal, tem cinco dias para se manifestar, porém a primeira audiência do processo ainda não tem data marcada. A empresa adianta que a posição continua a mesma, de pagamento em 12 parcelas. Na semana passadas, três encontros na Justiça do Trabalho de Caxias terminaram sem acordo.
Gustavo Casarin, advogado responsável pela área trabalhista da empresa, diz que a Guerra não tem condições financeiras de arcar com o pagamento à vista da forma pretendida pelo sindicato, porque a empresa precisa de fluxo de caixa para se manter, já que está em recuperação judicial desde julho do ano passado. Conforme Casarin, o gasto total com as rescisões dos 180 trabalhadores gira em torno de R$ 5,5 milhões. "Se o judiciário acolher o pleito do sindicato, causaria um prejuízo ainda maior para o contingente total da empresa", destaca o advogado.
Segundo o porta-voz da empresa, a Guerra tem intenção de chegar a um acordo na Justiça para a solução do impasse com a maior velocidade possível a fim de iniciar o pagamento dos trabalhadores, ainda em dezembro. A quitação seria feita com recursos do fluxo de caixa da empresa e como garantia serão apresentadas os estoques da fabricante e um crédito de uma hipoteca de imóvel com uma empresa de Chapecó.
O Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias adotou uma postura mais forte a partir desta semana, como demonstrou o bloqueio de cerca de 20 minutos da BR-116 na manhã desta quarta-feira (30) por cerca de 20 minutos. No início da negociação, as principais reivindicações eram uma bonificação de um salário a mais para os trabalhadores, que foi aceita pela Guerra, e maiores garantias de pagamento e de que o processo de recuperação judicial não teria o pagamento questionado pelos credores. Conforme o sindicato, a decisão de cobrar da empresa o pagamento das verbas rescisórias em ação de dissídio coletivo foi tomada após assembleia com os trabalhadores.
"A partir de agora o sindicato não aceita mais, em hipótese alguma, rescisão parcelada. A empresa tem que saber que se demitiu o trabalhador tem que pagar a rescisão em 10 dias. Há uma onda de retirada de direitos trabalhistas no Brasil e o parcelamento nada mais é do que retirar o direito dos trabalhadores e entupir a justiça do trabalho", disse Assis Melo, presidente do sindicato.
Embora as manifestações em frente à fábrica tenham sido constantes nos últimos 12 dias, o sindicato está liberando o ingresso para quem desejar trabalha desde a terça-feira (29). A empresa chegou a entrar com uma ação para proibir a presença do sindicato, mas o interdito foi derrubado pela Justiça.