Em busca de medicamentos, um aglomerado de pessoas se forma em frente à Farmácia Distrital Sarandi, na Avenida Baltazar de Oliveira Garcia, nº 744, em Porto Alegre. Com horário de funcionamento das 08h às 17h, quem chegava após às 14h nesta sexta-feira recebia a notícia:
_ Não temos mais senhas, só na segunda-feira. Se quiser, pode esperar para ver se dará tempo de ser atendido hoje.
Os usuários ficam por horas aguardando atendimento e, por vezes, não conseguem retirar o medicamento por falta de estoque. Alguns conseguem senha, outros tentam a sorte. Uma fila se forma na calçada. Os dois bancos de madeira que estão do lado de fora não comportam a quantidade de gente que fica em frente à porta da farmácia distrital. Pequenos grupos são chamados pelos números para atendimento. Essas pessoas aguardam em uma outra sala de espera, do lado de dentro do estabelecimento.
Desde às 11h30 esperando por atendimento, a doméstica Miguelina Soares, 58 anos, recebeu a ficha de número 112. Após três horas de espera, foi atendida. Ela foi buscar Fluoxetina e medicamentos para diabetes e pressão alta. Também moradora da Santa Rosa, a distrital do Sarandi é a mais próxima de sua casa.
_ É sempre a mesma situação. Tenho que sair só para vir aqui, sem pressa _ comenta.
A espera na esperança de conseguir atendimento
Pela segunda vez, nesta semana, a dona de casa Ana Maria da Costa, 52 anos, estava tentando retirar o medicamento do filho de 9, Décio da Costa. Na primeira, uma amiga esteve no local na terça-feira, mas não conseguiu senha.
_ Eles dizem ‘se quiser ficar esperando, fica, mas não te prometo que consigo’. Como o medicamento do meu filho acaba no domingo, serei obrigada a esperar. Toda vez que venho, tem fila. Se eu tivesse dinheiro, comprava, porque é muito ruim ficar aqui, esperando.
Delimitação de senha é problema para quem não tem como esperar
A aposentada Vera Lúcia Silveira Lopes, 62 anos, chegou no início da tarde para pegar os medicamentos da mãe Eny Silveira Lopes, 82 anos, que a acompanhava em uma cadeira de rodas. Sem conseguir senha para ser atendida, as duas tiveram de voltar para a vila Santa Rosa, no bairro Rubem Berta, onde moram. A situação não parece ser novidade.
_ Não posso esperar com a minha mãe no sol. É comum chegar aqui e não ter senha. O salário da minha mãe se resume a remédio, porque em posto nunca tem _ relata, explicando que a despesa com medicamentos chega a cerca de R$ 500,00.
Movimento aumenta com a chegada de medicamentos
Segundo a Coordenação de Assistência Farmacêutica da Secretaria Municipal de Saúde, as fichas são distribuídas apenas quando a procura é muito maior do que a capacidade de atendimento. Nesta semana, a farmácia recebeu uma remessa de medicamentos e o movimento maior deve-se a esse fato.
Não há um número exato de fichas a ser distribuído. Para se ter uma ideia de quantas senhas compartilhar, considera-se que cada um dos três guichês atende, em média, nove pacientes por hora.
No caso de não haver o medicamento solicitado, o órgão informa que o usuário é orientado a procurar a farmácia popular. Atualmente, as farmácias distritais tem uma demanda de público maior do que a capacidade instalada de atendimento, o que decorre, em grande parte, da normativa do Coren/RS que retira dos enfermeiros a função de entregar alguns medicamentos que antes podiam ser retirados nas unidades de saúde.
Os usuários também podem buscar medicamentos em outras farmácias distritais.
Veja a relação de farmácias distritais em Porto Alegre:
Sarandi: Rua Baltazar de Oliveira Garcia, 744
Restinga: Avenida Macedônia, 750
Bom Jesus: Rua Bom Jesus, 410
IAPI: Rua 3 de abril, 90
Centro de Saúde Modelo: Rua Jerônimo de Ornelas, 55
Murialdo: Avenida Bento Gonçalves, 3.722
Navegantes: Avenida Presidente Roosevelt, 5
Santa Marta: Rua Capitão Montanha, 27
Vila dos Comerciários: Rua Moab Caldas, 400
Camaquã: Rua Pitta Pinheiro Filho, 176