Na avaliação da ex-senadora Marina Silva (Rede), tanto PT quanto PMDB tentam interferir na Lava-Jato para implodir a operação que está expondo crimes de partidos e empreiteiras, levando poderosos à cadeia. Candidata à Presidência em 2010 e 2014, a ambientalista cumpre agendas partidárias em Porto Alegre entre sexta-feira e sábado. Ela voltou a defender a cassação da chapa de Dilma Rousseff e de Michel Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a convocação de novas eleições:
- Dinheiro da corrupção foi utilizado para a eleição da chapa Dilma-Temer. Que se faça o julgamento e que se convoquem novas eleições. Há pouco mais de duas semanas, tivemos revelações das articulações da cúpula do PT para tentar combater a Lava-Jato. Agora, tivemos a das articulações de parte da cúpula do PMDB para tentar combater a operação. A sociedade que quer o Brasil passado a limpo com certeza estará atenta.
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O caminho para enfrentar a crise e "legitimar" a condução da Presidência, avalia a ex-senadora, é o julgamento da ação que tramita no TSE, movida pelo PSDB, apontando abuso de poder econômico da chapa Dilma-Temer na eleição de 2014. Com a cassação, o Brasil teria de voltar às urnas. Ela entende que a hipótese de convocar novas eleições a partir da aprovação de proposta de emenda à Constituição (PEC), já protocolada no Senado, não encontra respaldo na Carta.
Marina minimizou o fato de que não exista movimento efervescente em apoio à sua proposta.
- Ainda que não tenha nenhum ato com essa pauta, as pesquisas mostram que 60% querem novas eleições - rebateu.
Em caso de pleito antecipado, ou mesmo em 2018, respondeu que "ainda não sabe" se irá concorrer.
Ela classificou o momento do Brasil como "dramático". Citou as crises política e econômica, com alta no desemprego e na inflação, e alertou para o caos na educação, saúde e segurança, "com 57 mil assassinatos ao ano". Segundo a ex-senadora, o presidente interino Michel Temer pratica o aprofundamento de "retrocessos" iniciados por Dilma. Para Marina, a solução da crise econômica passa pelo equilíbrio das contas com respostas para os dramas sociais. Nem a lógica do mercado em primeiro lugar, nem o populismo, defendeu.
Entrevista: "Lula se perdeu ao apostar mais em poder"
Se cassada pelo TSE a chapa Dilma-Temer, o país pode ser presidido por Waldir Maranhão (presidente da Câmara) por alguns meses. Como avalia?
Precisamos é de eleição para ter um presidente da Câmara. Não se pode abrir mão dos caminhos corretos em razão dos caminhos tortos que estão na Câmara.
Como o ex-presidente Lula entra para a história? O líder popular de 2010 ou o envolvido em corrupção de 2016?
O que pode ficar, infelizmente, é alguém que se perdeu em razão de ter apostado muito mais no projeto de poder do que no de país.
O que pensa sobre José Serra no Itamaraty e a nova postura em relação à Venezuela?
Temos de pensar na política, não gosto da "fulanização" das coisas. A política externa tem de ser feita com base em princípios e valores. Se defendemos o princípio e o valor da democracia, isso é válido em qualquer circunstância. Se um aliado ideológico transgride a democracia, não pode ter qualquer conivência. Não é possível que aconteça o que está acontecendo com a Venezuela e não se tenha uma visão crítica.
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