A presidente Dilma Rousseff atacou duramente o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o vice-presidente, Michel Temer, ao citar, durante o evento batizado de Encontro da Educação pela Democracia, que há "dois chefes da conspiração que agem em conjunto de forma premeditada".
– Vivemos estranhos tempos de golpe, farsa e traição. Existem, sim, dois chefes que agem em conjunto de forma premeditada. Como muitos brasileiros, tomei conhecimento e confesso que fiquei chocada com a desfaçatez da farsa do vazamento. Vazando pra eles mesmos. Estranho vazamento – disse, em referência ao áudio em que Temer fala como se o impeachment já tivesse sido aprovado.
– Este chefe conspirador não tem compromisso com o povo. Diz que está pensando em manter as conquistas sociais. Como se conquistas sociais se pensasse ou não em manter. Cai a máscara dos conspiradores. A quem interessa usurpar do povo brasileiro o sagrado direito de escolher quem o governa? Como acreditar num pacto de salvação e unidade nacional sem sequer uma gota de legitimidade democrática? Como acreditar que haverá sustentação pra tal aventura? Sem legitimidade ninguém pacifica, ninguém constrói unidade – continuou a presidente no evento batizado de Encontro da Educação pela Democracia.
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A presidente iniciou o discurso dizendo que repetiria uma das frases de um dos cartazes portados por um dos presentes:
– Esse não será o país do ódio, definitivamente não será o país do ódio – disse a presidente antes mesmo de citar os presentes.
– Que não se construa o ódio como uma forma de fazer política no país. O ódio, a ameaça, a perseguição de pessoas – completou ela.
Dilma finalizou citando uma frase que a cantora Beth Carvalho cantou no ato contra o impeachment no Rio, na segunda-feira:
– Como cantou ontem Beth Carvalho no ato dos artistas, afirmando que não vai ter golpe de novo: "Sem dividir o coração vamos honrar nossa raiz. Democracia é o que a gente sempre quis".
Veja imagens do evento:
Antes de Dilma, o ministro Celso Pansera, da Ciência, Tecnologia e Inovação disse que ele e outros dois ministros deputados licenciados do PMDB – o da Saúde, Marcelo Castro, e o da Aviação Civil, Mauro Lopes – deixarão os cargos para votarem contra o processo de impeachment na Câmara.
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, também defendeu Dilma.
– Estão procurando contra essa combativa senhora tudo que pudesse atingir sua história de vida, percorreram todos os capítulos da historia e não encontraram nada a não ser a coerência de quem foi presa e torturada lutando pela democracia – disse.
– Os golpistas estão prestando uma grande homenagem a sua vida, sua biografia, sua história – afirmou.
Entre os 11 representantes da educação, o discurso foi contrário ao impeachment, mas com vários pedidos à presidente pelo aumento dos investimentos em educação, ciência e tecnologia, além de medidas econômicas como a taxação de grandes fortunas.
– Hoje estaremos contra impeachment, amanhã estaremos nas ruas pelos 10% do PIB (para a educação), pelo PNE (Plano Nacional de Educação), pela expansão das universidades e por mais futuro e educação – afirmou Carina Vitral, presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE).
Ela lembrou que a entidade lutou pelo Fora Collor, no impeachment do ex-presidente e senador Fernando Collor (PTC), e repetiu o discurso de que "para ter impeachment precisa ter crime de responsabilidade", disse.
– Não nos sentimos representados por Michel Temer, por Eduardo Cunha e nem por Aécio Neves – completou.
*Com informações do jornal O Globo e Estadão Conteúdo