A delação premiada do senador Delcídio Amaral (PT-MS) devolveu à oposição a esperança de emplacar o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Adversários dela esperam que as revelações impulsionem as manifestações programadas para 13 de março, fator considerado decisivo para aprovar o afastamento no Congresso.
A estratégia da oposição foi desenhada em reunião ontem. Parlamentares acertaram que, na próxima segunda-feira, farão um aditamento ao pedido de impeachment já aceito pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB- RJ). A intenção é acrescentar ao caso as informações da reportagem da revista IstoÉ, como a suposta ingerência de Dilma nas investigações da Operação Lava-Jato.
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A oposição também vai ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para adicionar as revelações ao processo que tenta a impugnação da chapa Dilma-Temer, eleita em 2014. Já a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) estuda apresentar novo pedido de impeachment à Câmara, caso sejam confirmadas as acusações feitas por Delcídio. Nos discursos, a oposição vai aumentar o tom e cobrar a saída de Dilma.
– Renúncia (de Dilma) seria a opção mais digna – diz o deputado Paulinho da Força (SD-SP). A estratégia da oposição passa pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e por garantir o apoio fechado do PMDB.
Nos próximos dias, parlamentares preparam conversas com ministros a fim de acelerar a publicação do acórdão do julgamento que definiu o rito do impeachment. Em outra frente, os principais nomes da oposição tentarão convencer o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de que a derrocada de Dilma é a melhor saída para a crise que vive o país. O apoio de Renan é considerado decisivo para o desfecho do impeachment, já que, segundo o STF, o afastamento temporário da presidente precisa ser aprovado pelos plenários da Câmara e do Senado.
Grupos se articulam para a mobilização do dia 13 de março
O conteúdo da reportagem da revista IstoÉ será usado na mobilização para os protestos contra o governo programados para 13 de março. Amanhã, grupos pró-impeachment, com ajuda da estrutura dos partidos de oposição, pretendem distribuir cartazes em Capitais, convocando para as manifestações.
Nas últimas semanas, representantes de grupos como o Movimento Brasil Livre (MBL) e Vem Pra Rua se reuniram com parlamentares. Os políticos gravaram vídeos, publicados nas redes sociais, reforçando a convocação. Seis capitais serão priorizadas na mobilização, entre as quais Porto Alegre.
Vice-coordenador do comitê parlamentar que trabalha pelo impeachment, o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) acredita que será possível levar mais de 1 milhão de pessoas às ruas, massa que pressionaria colegas no momento de votar pelo afastamento de Dilma:
– A cada denúncia, cresce o número de pessoas comprometidas com o dia 13. A solução da crise tem de passar pelo Congresso.