O ministro e ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), o gaúcho Augusto Nardes, palestrou a empresários na tarde desta segunda-feira em Santa Maria. Com o tema Governança Pública, Nardes defendeu que gestores públicos trabalhem com planejamento e controle, a fim de que a população possa ser servida de forma mais eficiente pelo Estado.
Enumerando situações em que o trabalho dos auditores do TCU jogou luz sobre procedimentos que causavam desperdício de recursos públicos e chegou a prevenir desvios de dinheiro, Nardes estimou que escândalos como o da Petrobras, em investigação pela operação Lava-Jato, são evitados anualmente pelas medidas de controle do tribunal.
Ele também exaltou o exemplo de Santa Maria, que sob a liderança da Agência de Desenvolvimento de Santa Maria (Adesm) elaborou o plano estratégico do município, com metas para cada área. Segundo o modelo de governança elaborado por Nardes após estudos junto a países desenvolvidos, três elementos devem estar presentes: liderança, estratégia e controle.
- O governo federal não tem um plano estratégico, a maior parte dos Estados e municípios também não. É necessário que em todas as esferas se supere a ideia de que a cada mandato haverá outras prioridades - disse Nardes, durante a palestra ao Fórum de Entidades Empresariais, no restaurante River's.
Foi enquanto Nardes era presidente do TCU, no ano passado, que o tribunal decidiu reprovar, por unanimidade, as contas da república em 2014, quando ocorreram as chamadas pedaladas fiscais. Questionado se isso não ocorria em outros anos e governos, ele respondeu:
- Nunca as pedaladas haviam ido tão longe. No FGTS o governo não deveria mexer. Comprometer as contas dos bancos públicos, também não. Por isso, depois de 72 anos em que o TCU sempre aprovava as contas com ressalvas, votamos pela reprovação - explicou.
Citação na operação Lava-Jato
Na última sexta-feira, foi divulgado o depoimento do ex-deputado federal Pedro Corrêa (PP) à Procuradoria-Geral da República em acordo de delação premiada. Investigado pela operação Lava-Jato, Corrêa citou Augusto Nardes, afirmando que o também ex-deputado federal pelo PP e hoje ministro do TCU havia recebido propina proveniente dos desvios da Petrobras, entre 2003 e 2005.
Em 2005, Nardes foi eleito pelo Congresso, sem o apoio da legenda, para o cargo no TCU. Ele confere a acusação a uma retaliação:
- Desde aquela época eu era contra a nomeação de Paulo Roberto Costa para a diretoria da Petrobras e também em outras questões do partido. O Costa está preso, foi com base nas auditorias do TCU que a Operação Lava-Jato começou e é óbvio que eles não gostaram. Encaro isso como natural, vamos ver eles comprovarem - afirmou.