Manifestantes contra o governo federal voltaram às ruas de Porto Alegre neste domingo. Com um número maior comparado aos atos de dezembro, agosto e abril de 2015, a manifestação convocada pelas redes sociais reuniu 100 mil pessoas no parque Moinhos de Vento (Parcão), conforme a Brigada Militar. O número é igual às manifestações de 15 de março do ano passado, quando os participantes realizaram uma caminhada até a Redenção.
Segundo o Movimento Brasil Livre (MBL), um dos organizadores do ato, cerca de 140 mil manifestantes estiveram no local – o que tornaria o evento o maior até o momento, já que em março de 2015 o MBL contabilizou 110 mil pessoas.
Apesar do protesto ter sido programado para as 15h, uma banda de pop rock já animava os presentes 40 minutos antes. Em cima de três carros de som, os organizadores iniciaram os discursos no horário marcado. Desta vez, por recomendação da Brigada Militar, a manifestação ocorreu somente nas imediações do Parcão: avenida Goethe, Mostardeiro e 24 de Outubro. Não houve caminhada, já que o ato pró-governo ocorria simultaneamente na Redenção.
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Nenhum incidente foi registrado durante as manifestações. O tenente-coronel Mário Ikeda, responsável pelo Comando de Policiamento da Capital (CPC), atribuiu o sucesso dos dois eventos à decisão de evitar o contato entre os grupos.
– Transcorreu tudo dentro da normalidade nos atos. Não houve incidentes porque acreditamos na medida tomada pela Brigada Militar, de evitar um encontro entre os manifestantes. Conseguimos concentrar nosso efetivo nos locais determinados e por isso houve muito mais segurança – explicou Ikeda logo após o fim do protesto no bairro Moinhos de Vento, às 18h.
Os gritos de "fora PT" predominaram entre as falas críticas ao governo. Vestidos de verde e amarelo, os participantes carregavam cartazes contra o PT, contra a presidente Dilma Rousseff e, principalmente, contra o ex-presidente Lula. Havia protestos também contra o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha. Além disso, ganharam destaque o apoio em cartazes à Polícia Federal e ao juiz Sergio Moro, responsável pela Operação Lava-Jato e protagonista de letras de músicas tocadas e cantadas por quem estava em cima dos caminhões.
Aos 88 anos, Iolanda Bina resolveu sair de casa para engrossar o coro dos descontentes com as medidas do governo federal:
– A coisa está tão feia aqui no Brasil, o roubo, tudo que está havendo, que eu acho que a gente tem de dar uma força para esse movimento.
Entre os cânticos compostos para a manifestação do dia 13, a designer Angela Pinto exigia mais respeito e justiça aos envolvidos em atos de corrupção no país:
– Acredito em democracia sem corrupção. É uma roubalheira. O povo merece mais respeito. A gente quer que os culpados sejam punidos. Não aguentamos mais impunidade. Precisamos de um Brasil melhor.
Já no fim da manifestação, um juramento promovido pelos organizadores foi entoado. Com as mãos dadas, os participantes do ato repetiam as palavras que vinham de cima do caminhão de som. O início:
– Eu prometo não desistir do Brasil e não desistir dos meus filhos, aos quais deixarei o legado de um país novo. Pois hoje eu reconheço a minha culpa por deixar que chegássemos a esse estágio.
Um homem interpretando o juiz Sergio Moro "limpou", com um aparelho de lava-jato, um boneco inflável gigante do ex-presidente Lula vestido de presidiário, popularmente conhecido como Pixuleco. Junto com bandeiras do Brasil, cartazes e faixas contra a corrupção, o mini-inflável do Pixuleco, vendido por R$ 15, era um dos objetos mais agitados pelos porto-alegrenses.
Os participantes da manifestação contra o governo federal aproveitaram para tietar o cover do Japonês da Federal. O popular integrante da operação Lava-Jato foi interpretado por um homem de óculos escuros vestindo preto e distintivo de papel no pescoço. Máscaras do famoso funcionário da Polícia Federal também foram distribuídas.
Além de integrantes do Movimento Brasil Livre, o deputado estadual Marcel van Hattem (PP) e o deputado federal Nelson Marchezan Jr (PSDB), também discursaram contra a corrupção e os atos do governo federal.