Para muitos, 2016 começa como chance de retomada para trabalhar e investir. Se muitos empresários encararem o novo ano e suas oportunidades assim, talvez não se repitam os números pessimistas de 2015 em relação ao emprego: no país, no Estado e em Santa Maria, houve muito mais demissões do que contratações.
Na cidade, foram 1.207 vagas de trabalho a menos do que em 2014, que já havia sido ruim segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego , divulgados nesta quinta-feira.
O corte de vagas se deu de forma equilibrada nos quatro setores que mais empregam na cidade: prestação de serviços, comércio, indústria e construção civil. Cada um deles perdeu em torno de 2,5% de postos de trabalho.
Em números absolutos, o setor de serviços foi o que mais cortou vagas, fechando 630, seguido do comércio (-391), indústria (-176) e construção civil (-56). Para 2016, ao menos os setores de varejo e serviços podem ter um alento, com a inauguração novos supermercados, hotéis e o hospital regional, cuja modalidade de gestão definirá como serão as contratações.
Para o coordenador do curso de Economia da UFSM, Anderson Denardin, o cenário de crise não se restringiu a 2015, mas segue ao longo deste ano: inflação, desemprego e baixo investimento público e privado. Doutor em Economia Aplicada pela UFRGS, Denardin é enfático ao dizer que o primeiro semestre deste ano é digno das piores previsões para a economia brasileira:
- A taxa de desemprego deve aumentar ainda mais e, com isso, as chances de quem perdeu o emprego se reinserir no mercado de trabalho se reduzem.
Comércio e serviços
A presença de servidores públicos acaba atuando como um minimizador do cenário em Santa Maria, já que salários certos garantem uma certa estabilidade no comércio e nos serviços. Porém, a inflação reduz o poder de compra "democraticamente".
Um efeito disso é a queda nas vendas e, consequentemente, o fechamento de empregos nesses setores. Ao mesmo tempo em que vagas são fechadas, por outro lado, pode ser uma alternativa de enfrentamento a esses dias de incerteza.
- Seria preciso criar vantagens diferenciais para o setor do comércio, do serviço. Como? Com condições de venda e de facilidades de venda, o que pode fazer com que Santa Maria possa lucrar como polo regional, atraindo consumidores de fora - diz Denardin.
Tempo de poupar e de reciclar-se
Embora os setores tenham demitido de forma equilibrada, proporcionalmente, há algumas profissões que concentraram o fechamento de vagas. A mais abalada foi vendedor do varejo (-229), reflexo direto da retração nas vendas do comércio. Motorista de caminhão (-126), pedreiro (-106), assistente administrativo (-100) e técnico em enfermagem (-98) vêm logo após.
Apenas esses cortes retiram de circulação mais de R$ 700 mil por mês, somando os salários médios de cada cargo divulgados pelo Caged.
Mas ainda há como vislumbrar resultados positivos. É o caso dos cargos que lideraram a abertura de vagas: motorista de ônibus rodoviário (78 novas vagas), atendente de lanchonete (67), auxiliar de escritório (58), vigilante (45) e instalador elétrico (44). Outro aspecto positivo é que a média salarial dos cinco empregos que abriram mais vagas é maior do que a dos que mais fecharam.
A hora da prudência
Para quem vive duas realidades distintas, empregados e desempregados, o conselho é um só: não abusar do salário ou do que sobrou dele (seguro-desemprego, indenização). O economista Anderson Denardin aconselha que o momento exige prudência e sensatez.
Com o poder de compra à míngua, é preciso entender que o momento é de se precaver para dias de tormenta. Àqueles que, em meio à crise, consigam ter certa tranquilidade financeira, uma dica: invistam em capacitação profissional. Vale observar em especializações que agreguem na função exercida e, até mesmo, em demandas que possam, futuramente, render novos horizontes:
- Ter um mínimo de planejamento e, ao mesmo tempo, olhar além do horizonte, pode fazer com que a pessoa tenha, ali adiante, um diferencial e uma expertise a mais.