Após rejeitar a proposta de escalonamento do reajuste salarial, oferecida pelas companhias aéreas, os aeroviários e aeronautas decidiram na tarde desta sexta-feira que entrarão em greve na próxima quarta-feira. Os aeronautas – pilotos, copilotos e comissários de voo – farão uma paralisação das 6h às 8h nos aeroportos de Porto Alegre, Congonhas, Guarulhos, Santos Dumont, Galeão, Florianópolis, Curitiba, Brasília, Salvador, Recife e Fortaleza. Já os aeroviários – trabalhadores das companhias que atuam em terra – iniciam a greve a partir da 0h de quarta-feira, por tempo indeterminado, no Aeroporto Salgado Filho.
Os funcionários pedem um reajuste de 11% retroativo, correspondente à reposição da inflação. Na Capital, a assembleia foi realizada na tarde desta sexta-feira, na sede do Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre. Conforme o presidente da entidade, Leonel Montezana, a greve indica o ponto extremo a que os funcionários precisaram chegar diante das negativas recebidas nas negociações.
– Até três semanas atrás, a proposta de reajuste do sindicato patronal era de 0%. Depois, foi sugerido fazer um escalonamento, o que resulta em perdas salariais. A categoria rejeita isso.
A greve envolverá todos os funcionários que trabalham no Aeroporto Salgado Filho, afetando voos também nos principais aeroportos do país. Em efeito cascata, a paralisação pode prejudicar principalmente a véspera do feriado de Carnaval.
Em nota, o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA) informou que "ao longo de todo o processo de negociação, iniciado em outubro do ano passado, as empresas aéreas fizeram seis propostas que buscavam atender às condições pedidas pelas entidades sindicais, mesmo em momento de retração econômica", e que as "ações de contingência estão sendo adotadas pelas empresas para minimizar o impacto na operação aérea e manter a normalidade do sistema". O SNEA também lamentou os possíveis transtornos causados aos passageiros.
A oferta mais recente das companhias havia sido de um reajuste de 5,5% em fevereiro e mais 5,5% em junho, para salários até R$ 1,5 mil – que, segundo as aéreas, representa 45% do efetivo de aeroviários das companhias. A proposta, segundo cálculo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), levaria a uma perda de 53,16% de um mês de salário para os trabalhadores.
Para os salários entre R$ 1,5 mil e R$ 10 mil, a proposta é de reajuste de 5,5% em junho e 5,5% em setembro, sem retroatividade à data-base. A perda, nesse caso, seria equivalente a 93,28% de um salário.
– Nossa data-base era dezembro e trouxemos ela para janeiro justamente para não prejudicar a sociedade. Mas não tivemos alternativa – afirmou Montezana.
Em nota, o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) informou que "foi deliberado que a paralisação poderá ser suspensa pela categoria caso as empresas decidam oferecer, com prazo de até 12 horas antes do início do movimento (18h do dia 2 de fevereiro), os 11% reivindicados, desde que retroativos a 1 de dezembro de 2015".