Em discurso ao parlamento francês nesta segunda-feira, o presidente François Hollande anunciou o prolongamento do estado de emergência, que cria leis de exceção, por três meses, e prometeu mudanças na constituição do país. Além disso, o presidente da França pediu ajuda de outros países europeus para fortalecer o controle de fronteiras e erradicar o terrorismo.
Durante o pronunciamento, que ocorreu no Palácio de Versalhes, Hollande classificou os ataques em Paris como "atos de guerra", e disse que a França é alvo do Estado Islâmico porque é "um país de liberdade".
- Nós não estamos em uma guerra de civilizações, porque essas pessoas não representam nenhuma. Daech nos combate porque a França é um país de liberdade, porque somos o país dos direitos humanos - disse.
O presidente francês anunciou, ainda, que ataques a posições do Estado Islâmico na Síria devem continuar nos próximos dias. Ele disse que o porta-aviões Charles De Gaulle vai triplicar a capacidade de operações.
Para Hollande, a "necessidade de destruir Daech envolve toda a comunidade internacional". Em seu discurso, ele convoca a formação de uma grande coalização para combater o Estado Islâmico e pede que os países europeus intensifiquem a proteção nas fronteiras externas.
- Quando um Estado é agredido, todos devem aportar sua solidariedade.
O presidente francês convocou o primeiro ministro do país para iniciar uma reforma na Constituição. As mudanças terão como objetivo adaptar a legislação do país à luta contra o terrorismo.
Entre as novas medidas, estão a anulação da nacionalidade francesa a terroristas com dupla nacionalidade, que serão proibidos de entrar no país, e a criação de 5 mil vagas complementares de policiais nos próximos dois anos. As penas a suspeitos de terrorismo, segundo Hollande, devem ser aumentadas "significativamente".
Antes de ser aplaudido de pé ao fim de seu discursos, Hollande repetiu três vezes a promessa de erradicar o terrorismo. O presidente convocou as pessoas a retomarem suas vidas e disse que a conferência do clima, programada para ocorrer em Paris a partir do dia 29 deste mês, será um momento de "esperança e solidariedade".
- Devemos continuar trabalhando, saindo, vivendo e influenciando o mundo. Os bárbaros que atacam a França querem desfigurá-la. Eles não vão mudar a nossa face - diz o presidente da França.
Nos próximos dias, o presidente da França deve se encontrar com Barack Obama e Vladimir Putin para formação de coalizão contra o Estado Islâmico.
Atentados em Paris
Mais de cem pessoas morreram na noite de sexta-feira, em Paris, na França, após uma série de ataques terroristas em diversos locais da capital francesa. Tiroteios e explosões ocorreram de maneira coordenada em seis lugares: no Boulevard Voltaire, em frente ao bar La Belle, Bataclan, na Rua de la Fontaine, no bar Carillon e no Stade de France. Logo após os ataques, o presidente francês, François Hollande, decretou estado de emergência e fechou as fronteiras do país.
Em vídeo, veja como foi a sequência dos ataques em Paris:
Poucas horas depois das mortes, o Estado Islâmico assumiu a autoria dos atentados. A polícia fez prisões, na Bélgica, de suspeitos de envolvimento com os ataques em Paris, mas ainda trabalha para identificar os nomes de todos os possíveis envolvidos na ação. Oito terroristas morreram durante as ações, mas acredita-se que outros organizadores dos atentados estejam à solta.
O Itamaraty confirmou dois brasileiros entre os feridos nos atentados, que já estão fora de perigo.
Confira o mapa dos ataques: