Um silêncio ensurdecedor, ruidoso, se apossou de Paris como um manto invisível no domingo ensolarado de outono. A capital francesa estava irreconhecível, e não somente pelo excepcional fechamento de seus emblemáticos símbolos como a Torre Eiffel, o Museu do Louvre ou a catedral de Notre-Dame.
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Na Place de la République, eleita pelos habitantes como um local de manifestações e reuniões de diversos fins e reivindicações, uma multidão silenciosa depositava flores e velas acesas ao pé do monumento central. Mesma cena se repetia nos demais palcos dos massacres. Mas o recolhimento não se restringiu ao perímetro dos ataques.
Os parisienses estavam nas ruas, em cafés, restaurantes, mas como em um filme de cinema mudo. A cidade mal sussurrava. Nem os atentados de 7 de janeiro deste ano provocaram tamanha e singular quietude urbana. Um sussurro apenas interrompido pelo medo, quando estampidos confundidos por tiros provocaram um contagiante movimento de pânico em pessoas ainda abaladas por rajadas de kalashnikovs e explosões suicidas.
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Albert, médico de 54 anos, foi acompanhado da mulher à Place de la République. Para ele, os terroristas poderão matar "1 mil, 10 mil, 100 mil", mas a República será sempre mais forte do que o terrorismo.
- Talvez seja agora que tudo vai mudar, que finalmente vai-se dar conta da amplitude do problema e de que é preciso reagir de uma outra forma. Quando se entra em uma guerra, é para ganhá-la. A impressão é a de que estamos agindo pela metade. Talvez seja o começo do fim de algo - desabafou.
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