Suspeita de bomba, passeatas e interrupções no trânsito marcaram a manhã desta quarta-feira em Porto Alegre, encerrada com um "barulhaço" em frente ao Palácio Piratini. Os protestos integram a mobilização de servidores estaduais que entraram no terceiro dia de paralisação por conta do parcelamento dos salários.
O dia começou com intenso congestionamento na BR-290 em função de bloqueio da Ponte do Guaíba por funcionários federais e estaduais. O protesto, que começou por volta das 7h30min, foi organizado pela Associação dos Servidores da UFRGS, UFCSPA e IFRS (Assufrgs), categoria que está em greve há cerca de três meses. A interrupção no tráfego durou 20 minutos, tempo suficiente para causar filas nos dois sentidos e fazer com que passageiros desembarcassem de ônibus e fizessem a travessia a pé.
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Desde o começo da manhã, uma suspeita de bomba bloqueou o viaduto da Silva Só, na Capital, por três horas. O trabalho atrasou porque o Grupamento de Ações Táticas e Especiais (Gate) demorou para chegar, já que familiares de PMs tentaram impedir a saída dos policiais da sede do Batalhão de Operações Especiais da Brigada Militar (BOE) para atender ao chamado.
Foi preciso enviar dois homens sem farda, para evitar um confronto com os manifestantes. Por fim, descobriu-se que se tratava de um simulacro feito de argila e madeira, enrolado em papel alumínio e embrulhado em uma mala. Junto a ele, estava uma faixa com a seguinte mensagem: "Sartori, se quer terrorismo, vai ter".
No gráfico, veja onde ocorreram protestos
Barulhaço e "badaladas parceladas"
Em frente ao Palácio da Polícia, cerca de cem servidores do Instituto-Geral de Perícias (IGP), de escolas estaduais e da Polícia Civil bloquearam o trânsito na Avenida Ipiranga. O grupo entregou panfletos para motoristas e apelou à população apoio na mobilização contra o parcelamento de salários.
- A segurança não está sendo priorizada. Nós, que pegamos ônibus todos os dias, sabemos que precisamos estar seguros. Necessitamos de policiais civis valorizados. Por isso, estamos aqui para denunciar e pedir o apoio de vocês. Sem isso, não tem como - disse uma policial dentro de um coletivo da linha T5, por volta das 11h.
Ela foi aplaudida pelos passageiros.
Também ocorreram bloqueios no trânsito nas avenidas Assis Brasil, Bento Gonçalves e João Wallig devido a manifestações. Na Praça da Matriz, professores fizeram um apitaço contra Sartori. Reunidos em frente ao Palácio Piratini, eles esperaram as badaladas do sino da Igreja da Matriz, ao meio-dia, para uma manifestação de oito minutos - alusão aos oito meses de governo.
- Parcelaram também as badaladas - brincou a presidente do Cpers/Sindicato, Helenir Schürer.
Em um carro de som, ela convocou as demais entidades para um protesto maior na quinta-feira, quando deverá ser discutido na Assembleia Legislativa o projeto da Lei de Responsabilidade Fiscal Estadual.
Houve, ainda, atos promovidos por familiares de brigadianos em frente a batalhões da Brigada Militar, como o 9º BPM, em Porto Alegre, e em Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana. Em Charqueadas, agentes penitenciários restringem o acesso de visitantes às três casas prisionais da cidade.
Confira como foi a paralisação na manhã desta quarta-feira:
Veja imagens das mobilizações:
* Zero Hora