O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, afirmou nesta segunda, em entrevista coletiva após reunião da coordenação política no Palácio do Planalto, que o governo não estuda utilizar as reservas internacionais para fazer caixa ou influenciar a flutuação do câmbio.
Além disso, Barbosa disse que os ministros da gestão Dilma vão fazer reuniões, na volta do recesso parlamentar, com as principais lideranças da base aliada para aprovar a revisão da meta fiscal de 2015 e dos anos subsequentes. A intenção do esforço, segundo Barbosa, é passar as propostas no Legislativo "o mais rápido possível".
Segundo o ministro, o modelo será o mesmo adotado pelo governo durante o encaminhamento das medidas provisórias do ajuste fiscal, no primeiro semestre.
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Na reunião da coordenação política, com a presença da presidente Dilma Rousseff, Barbosa disse ter apresentado aos presentes os principais elementos e números que levaram o governo a decidir propor a alteração da meta fiscal de 2015 de 1,1% para 0,15%, além das mudanças nos anos de 2016 e 2017. Segundo ele, foi discutida a nova política de equilíbrio macroeconômico.
Segundo o ministro, a ação terá desdobramento "mais claro" aos trabalhos do Congresso. Ele disse que a mudança da meta de 2015 poderá ser alterada a partir de um projeto que está em tramitação no Congresso ou mesmo com o envio de uma nova proposta pelo governo federal. O governo ainda não definiu o formato e vai conversar com seus líderes da Câmara e do Senado, destacou Barbosa.
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De acordo com Barbosa, a alteração da meta de 2016, por sua vez, deverá ser alterada no projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias do próximo ano, ainda não aprovado pelo Congresso.
Bolsa
Após a decisão do governo de propor a alteração da meta fiscal, a Bolsa de Valores cai e o dólar sobe, mas o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, afirmou que o governo Dilma Rousseff tem condições de absorver as flutuações do mercado. Ele classificou o movimento como "natural" e disse que a tendência é o mercado se estabilizar.
- Os mercados estão fazendo o que os mercados fazem, flutuam diante de novas informações, não só no Brasil, como no mundo - disse Barbosa.
Barbosa afirmou ter "confiança" de que o mercado vai se estabilizar, mas disse que não tem como prever em qual cenário, uma vez que o câmbio no país é flutuante.
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Nelson Barbosa afirmou que o governo não estuda usar recursos de reservas internacionais para tentar controlar o câmbio. Segundo ele, as reservas - estimadas atualmente em US$ 360 bilhões - dão mais autonomia para o país na condução da política econômica, não tendo que recorrer a organismos internacionais.
- O governo não pensa em usar recursos de reservas internacionais - afirmou Barbosa, em entrevista coletiva após a reunião da coordenação política no Palácio do Planalto.
Segundo o ministro, o acúmulo de reservas não é um movimento novo e exclusivo do Brasil. Barbosa disse que vários países têm adotado a mesma postura. Ele destacou que a iniciativa brasileira, adotada após o pagamento integral da dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI), é "importante" e diferencia o país daqueles que não seguiram tal postura.
O ministro admitiu ainda que, em razão da eventual redução da meta fiscal de 2015 e de anos subsequentes, deve ocorrer um pequeno aumento do endividamento público do governo. Mas frisou que haverá uma estabilização da relação dívida/PIB.
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- Nós estamos numa fase de ajuste. A direção está mantida, de equilíbrio macroeconômico, de estabilidade monetária e de recuperar o crescimento da economia - completou.
O ministro disse esperar que a retomada do crescimento ocorra no último trimestre deste ano.
Inflação
Barbosa reconheceu que vai ocorrer um aumento temporário da inflação em 2015. Contudo, ele disse que a expectativa inflacionária para o ano que vem é de uma redução mais rápida.
O ministro afirmou que na atual fase de ajuste do país há uma retração da atividade econômica com flutuação de preços. Ele disse que o próprio realinhamento de preços já está tornando investimentos rentáveis para o setor privado. Para ele, toda essa agenda é para recuperar o crescimento da economia.
*Estadão Conteúdo