A menina Kayllane Campos, 11 anos, atingida na testa por uma pedra no último dia 14 ao sair de um culto do candomblé, participou deste domingo (21) de ato contra a intolerância religiosa, na Vila da Penha, bairro da zona norte da cidade. Ela disse ter ficado muito agradecida pelas diversas manifestações de solidariedade e pediu que seus agressores parem com atitudes preconceituosas.
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Acompanhada da mãe Karina Coelho e da avó Kátia Marinho, conhecida no candomblé como mãe Kátia de Lufan, a menina disse que não é ela quem precisa perdoar os agressores:
- Quem tem que perdoar não sou eu, é o meu pai Oxalá.
A menina disse que, depois do episódio, tem mais certeza de sua religião.
A família de Kayllane lançou um abaixo-assinado, no último dia 19, na plataforma Change.org, na internet, pela defesa da liberdade religiosa. Espera-se chegar a um número suficiente de assinaturas para garantir a organização de uma campanha nacional sobre o tema.
Diante da adesão de múltiplos credos à manifestação, a avó da menina, Kátia Marinho, disse que a agressão sofrida pela neta veio "provar que todos nós somos irmãos, cada um na sua fé".
- Eu respeito a [religião] de todo mundo e exijo respeito à minha - destacou.
O exemplo de respeito a religiões é dado pela própria família de Kayllane, cuja mãe abandonou o candomblé, onde foi criada, e se converteu à igreja evangélica há um ano.
- O avô dela é católico - lembrou Kátia. - Você tem a opção de escolher o que quer seguir, o que quer ser.
Para Kátia, a manifestação deixou claro para a sociedade que a intolerância não é só contra o candomblecista e o umbandista:
- Claro que nós somos o alvo principal, mas todo mundo sofre: o evangélico sofre, o budista sofre. Acho que antes de você levantar uma bandeira e falar que crê em alguma coisa, tem que ter amor no coração e ver o seu próximo como seu irmão.
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A mãe de Kayllane, Karina Coelho, destacou que a convivência dentro da família é ótima, apesar da diversidade de religiões. Ela preferiu não fazer comentários sobre quem pratica esse tipo de ato contra qualquer religioso.
- Não acho que seja de Deus apontar. Deus não apontou ninguém. A gente não tem que apontar ninguém, temos que amar um ao outro igual.
A exemplo da filha, Karina assegurou que quem tem que perdoar os agressores é Deus.
- Não tenho raiva, não tenho ódio. Eles têm que pagar como humanos, mas quem perdoa é Deus. Deus acima de tudo e de todos - destacou.
*Agência Brasil