Entre os alimentos que mais subiram de preço em 2015, estão ingredientes elementares da cozinha: o tomate e a cebola. De acordo com a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), a cebola subiu de R$ 2,27, em janeiro, para R$ 6,05 na segunda semana de junho. O tomate atingiu o patamar de R$ 6,71. Os saltos de 39% no preço do tomate e de 166% no da cebola neste ano assustam consumidores e têm feito restaurantes buscarem alternativas.
De cinco estabelecimentos do Centro de Porto Alegre visitados pelo DG, quatro admitiram algum tipo de adequação no cardápio para driblar o aumento. Acostumado a comprar 80kg de tomate por semana, o sócio-proprietário do restaurante Fettuccine, Vanderlei Pedruzzi, diminuiu a quantidade pela metade. O bufê tem valorizado itens como pepino e repolho.
- Salada de cebola, não fazemos mais - admite.
Já que não é possível tirar o tomate do à la minuta, o proprietário do restaurante Refugio's, Laucir Dalmoro, tem evitado o item nas saladas do prato do dia:
- A cebola é mais difícil de substituir - afirma.
Além de tirar o bife acebolado do cardápio, o dono do De Torres, André Leal, aposta na pesquisa. Já o gerente da Tratoria do Sabor, Luiz Carlos da Silva, observou que o consumo do tomate e da cebola aumentou 25%. Como se o apetite do cliente ficasse mais aguçado pelo mais caro.
Proprietário do Boteko Andradas, Vilmar Federizzi diz que está segurando o aumento e mantendo o cardápio inalterado.
- É na hora da crise que a gente consegue se diferenciar - avalia.
O presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo, reconhece que, nos supermercados, o aumento do preço refletiu na queda da venda dos dois itens.
Foto: Diego Vara
A culpa é do clima, afirma especialista
O clima está relacionado aos aumentos que atingem a cebola e o tomate. Na época do plantio da cebola, no inverno passado, a falta de frio acelerou seu cultivo, porém diminuiu o seu tamanho. O excesso de chuvas, em novembro de 2014, também influenciou.
- As cebolas de Santa Catarina e do Paraná estão acabando. Resta pouco da gaúcha, mas é vendida a um preço mais alto - explica o gerente técnico da Ceasa, Amauri Pereira.
No atacado da Ceasa, o quilo da cebola chegava a R$ 4,75 na segunda-feira. Um mês antes, era vendido a R$ 3. O preço deve cair em julho, com a chegada da cebola paulista.
Já o tomate tem sofrido com as frentes frias do outono, diz Amauri:
- Consumimos quase toda a safra gaúcha. Estamos sendo abastecidos pelo Sudeste.
Segundo ele, o preço do tomate tende a baixar mais rapidamente. Nesta semana, o valor de atacado do quilo já caiu de R$ 3,25 para R$ 3.
*Diário Gaúcho